Os motoristas que circulam pelas ruas do Recife enfrentam um calvário diário para conseguir se locomover. Além dos habituais problemas de mobilidade, como vias constantemente congestionadas e planejamento urbano precário, os condutores precisam lidar com outro grave problema: a buraqueira sem fim que assola a malha viária da cidade. A chuva aumenta os transtornos, mas só evidencia a situação que é mais do que corriqueira em dias de Sol. Os principais corredores padecem com a falta de mobilidade. Há pouco mais de 15 dias, o Jornal do Commercio denunciou a inércia do poder público diante da situação, mas até agora, nenhuma medida efetiva foi tomada para sanar o problema. Enquanto isso, os motoristas precisam se virar para driblar as incontáveis fissuras que tomam conta dos asfaltos nos quatro cantos da cidade.
O descaso fica ainda mais notório nas principais vias de circulação. Três corredores têm sido alvo frequente de críticas dos leitores. Em Boa Viagem, na Zona Sul da capital, a Rua Rio Azul – continuação da Avenida Desembargador José Neves, e uma das principais rotas para Setúbal e Piedade – apresenta pista em condições precárias. As crateras que se formaram dificultam a vida de pedestres e motoristas. As manobras para escapar da buraqueira são muitas, mas nem sempre dão certo. Além de atrapalhar a fluidez do trânsito, que é normalmente caótico na metrópole, os buracos acabam danificando os veículos.
O comerciante Everaldo José dos Santos, 45 anos, quebrou a caixa de marcha do veículo que usa para trabalhar ao tentar vencer as crateras da Rua Rio Azul. Vai precisar desembolsar pelo menos R$ 600 pelo conserto. “O meu trabalho está prejudicado por causa disso e ainda vou ter que arcar com esse prejuízo”, reclama.
A situação não é muito diferente nas Avenidas Dois Rios e Dom Helder Camara, no Ibura, também na Zona Sul. Vias de acesso ao Centro do Recife, o congestionamento nas localidades é frequente e tem explicação: buracos. Em boa parte da extensão das vias é possível se deparar com as crateras. “A prefeitura faz alguns serviços paliativos, mas é só chover que fica tudo do mesmo jeito”, afirma o rodoviário Marques Antônio Chagas, 48.
Já na Zona Norte do Recife, o trecho entre a Rua Quarenta e Oito e a Avenida Norte, no Espinheiro, chama a atenção. O destaque, no entanto, não é positivo. A água suja da chuva e de esgoto se acumula na via e encobre as fissuras. Se o condutor não tiver cuidado, pode cair em uma das crateras. Quem mora na área, afirma que o problema ocorre há mais de um mês.
Nas ruas, a indignação é geral. “Recife está entregue aos buracos. Não tem para onde correr. Aonde você vai, é rua esburacada”, afirma o motorista Ronildo Ferreira Araújo, 47. “Isso não é justo com o cidadão que paga os seus impostos em dia. Infelizmente, a gente paga para andar nos buracos”, desabafa o vigilante Lindovaldo Silva, 47.
PROVIDÊNCIAS - Nenhum representante da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) se dispôs a dar entrevista. A empresa limitou-se a responder as queixas da população através de nota, afirmando que “continua realizando o trabalho de tapa-buraco onde e quando for tecnicamente viável”. A Emlurb também informou que as intensas chuvas do período têm contribuído para desacelerar a requalificação em algumas vias da cidade. Em relação aos pontos citados, garantiu ter enviado equipe para solucionar os problemas na Rua Rio Azul. Sobre as Avenidas Dois Rios e Dom Helder Camara, informou que o serviço de tapa-buraco já está sendo realizado. A recuperação do pavimento na Avenida Norte com a Rua Quarenta e Oito está marcada para este fim de semana, segundo o órgão.