Há um ano, instrumentos musicais de corda como violino, viola, violoncelo e contrabaixo passaram a fazer parte da rotina de 100 crianças e adolescentes que residem em Camela, distrito de Ipojuca, no Grande Recife. O projeto Orquestra Criança Cidadã Meninos do Ipojuca apresentou aos jovens o fantástico mundo da música. Desenvolvida em parceria entre a Secretaria Especial de Juventude e Esporte de Ipojuca e a Associação Beneficente Criança Cidadã, a iniciativa tem alcançado resultados positivos e ajudado a transformar a realidade da comunidade.
Funciona nos mesmos moldes da Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque, com sede no Recife. O núcleo de Ipojuca atende crianças e jovens com idades entre 8 e 17 anos. Além das aulas de música, oferece reforço escolar, aulas de informática, atendimento psicológico e pedagógico e três refeições diárias. As atividades acontecem pela manhã e à tarde, em um prédio com 15 salas, miniauditório, telecentro, sala de acompanhamento pedagógico, sala para atendimento psicossocial e refeitório.
Em pouco tempo, a sede do projeto já se tornou a segunda casa para a maioria dos jovens. “Eles saem da escola e vêm direto para o núcleo. É um projeto que direciona para uma profissão, trabalha o lado social e a cidadania. Tira crianças da rua e afasta da criminalidade”, explica o maestro da orquestra, Márcio Pereira.
Um dos requisitos para participar é estudar em escola pública. “Fazemos acompanhamento rigoroso do desempenho do aluno. Observamos as notas e a frequência escolar. O receio de perder a oportunidade na orquestra faz com que eles também se dediquem mais aos estudos”, explica o maestro.
O ritmo de trabalho é intenso, com ensaios seis vezes por semana. Mas o esforço tem valido a pena. Em 12 meses, os jovens já alcançaram nível técnico relativo a três anos de estudo de música. Além disso, cinco músicos da orquestra foram escolhidos para se apresentar em Roma para o papa Francisco em novembro. “Tem sido uma experiência incrível. Nos dá a oportunidade de conhecer sobre música e desenvolver nossas habilidades”, avalia o estudante Jhorsily Átla, 14 anos.
Para os pais, o projeto tem sido fundamental na formação dos jovens. “Os meninos estão mais empenhados e comprometidos. Ensaiam o tempo todo. É gratificante ver essa mudança, fico maravilhado. Iniciativa como esta faz com que eles estejam sempre com a mente ocupada”, afirma o pintor Wellington Alves, 35, pai de Yasmim, 11, e Washington, 9, que participam da orquestra.
Para comemorar o primeiro aniversário da orquestra, na segunda-feira (5) haverá um concerto aberto ao público, na quadra poliesportiva de Camela, a partir das 18h30. No repertório, que vai do clássico ao popular, estão as músicas Can-can, de Jacques Offenbach; A Bela e a Fera, de Alan Menken; Valsa do Imperador, de Johann Strauss; e Sabiá, de Luiz Gonzaga.