Em fase de recuperação em um hospital particular no Recife, o turista paranaense que foi atacado por um tubarão em Fernando de Noronha, na última segunda-feira (23), disse que foi surpreendido pelo animal enquanto flutuava na praia do Sueste. Márcio de Castro Palma, 33 anos, falou sobre o incidente em entrevista à TV Globo. Segundo contou à reportagem, o turista estava a cerca de 150 metros da praia quando avistou o animal, já abrindo a boca. Márcio disse ainda que só percebeu se tratar de um ataque quando foi puxado para o fundo do mar, por um tubarão de cerca de 1,5 metro, e que tudo ocorreu em segundos.
De acordo com a TV Jornal, o turista também foi ouvido por membros do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) e contou a versão do que tinha acontecido. Segundo o Cemit, Márcio contou que estava mergulhando com um grupo, mas no momento da mordida estava um pouco mais afastado. Apesar da água turva, o homem percebeu aproximação do animal e usou o braço para se proteger.
ENTENDA O CASO |O turista atacado por um tubarão em Fernando de Noronha foi transferido do Hospital da Restauração para o Hospital Unimed, no final da tarde desta terça (22). A Baía do Sueste, local da ocorrência, permanece interditada à visitação. De acordo com a chefia do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, a medida é preventiva, para se avaliar o que de fato ocorreu e provocou o ataque, não havendo previsão de abertura.
Foto: JC Imagem
O turista perdeu o antebraço direito e foi submetido a uma nova cirurgia traumatológica e vascular, nesta terça. Em entrevista pela manhã, o chefe da unidade de Trauma do HR, Rogério Ehrhardt, informou que o paciente estava estável, consciente e orientado sobre toda a situação desde que chegou de Noronha, em uma UTI aérea.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) iniciou a investigação sobre o primeiro ataque registrado na ilha, com auxílio do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) e pesquisadores. Entre eles, Leonardo Veras, curador do Museu do Tubarão de Noronha, que fez um mergulho investigativo de varrição, nesta terça, junto com a bióloga e fotógrafa Zaira Mateus, além de utilizar um drone para avaliar a área. “Tudo estava normal, com muitos peixes, como sempre. Vamos continuar observando para tentar compreender o que aconteceu”, afirmou.
Acredita-se que o ataque partiu de um tubarão-tigre. “Eles migram muito, não são comuns em Noronha, mas têm esse comportamento de experimentar comidas estranhas e uma mordida potente”, explicou, comentando que o tema envolve muito o emocional. “Estamos avaliando como minimizar os riscos, se será necessário reduzir o horário de visitação e de o mergulho só ser feito com acompanhamento (o turista estava sem guia). Não podemos nem ser negligentes nem usar um remédio desnecessário, afinal, anormal é nunca ter ocorrido um ataque”.
NÚMEROS - Segundo Clóvis Ramalho, presidente do Cemit, as condições do incidente são diferentes dos outros 60 registrados desde 1992 em Pernambuco (são 24 mortes no período), ano inicial da catalogação, pois a maré estava secando, ao contrário dos demais, ocorridos sempre com maré alta. Igual apenas a água estar turva. O turista estava com a mulher, que não quis falar com a imprensa.