Você consegue imaginar no que 100 cadeiras escolares de madeira que seriam descartadas podem se transformar? Esse foi o desafio dos arquitetos do AtelierVivo que, durante o último fim de semana, promoveram a Carteirada, uma oficina de marcenaria e reciclagem criativa em uma escola pública da capital.
O curso aconteceu na Escola Estadual São Francisco de Assis, no bairro do Arruda, Zona Norte do Recife, que é engajada em ações sustentáveis e receberá a tocha olímpica no dia 31 de maio. Ao final, foram entregues à instituição objetos que solucionam diversos problemas apontados por alunos e professores.
Logo na entrada, uma placa com os dizeres "não há lixo, tudo se transforma", traduz o ensinamento deixado pelos arquitetos. A escola já desenvolvia projetos relativos à reciclagem e a realização da oficina, segundo a diretora Maiza Motta, 48, foi um incentivo a mais. "A gente estimula o reaproveitamento de materiais, mas não é algo desse porte, com o ponto de vista de arquitetos", destaca. Para os professores, focar em iniciativas sustentáveis é fazer com que os alunos coloquem em prática o que aprendem nas salas de aula, tornando-os cidadãos conscientes e, por vezes retirando-os de situações de vulnerabilidade social.
A ideia surgiu da união de esforços dos arquitetos Lula Marcondes, Bruno Lima, Natan Nigro e do australiano Michael Phillips, que deram vida ao projeto AtelierVivo no Recife, no ano passado. Baseados no modelo estrangeiro do Design-Build, processo em que o profissional de design ou arquitetura participa de toda a produção, desde a concepção de ideias até a construção, os arquitetos, que tiveram experiências fora do Brasil, viram nas oficinas uma oportunidade de aperfeiçoar técnicas, enquanto supriam a necessidade das comunidades.
Segundo Michael Phillips, 33, que está no Brasil desde o ano passado, o modelo não é difundido no país. "Existem mutirões, mas a nossa ideia é trazer um benefício comunitário a partir da educação de profissionais dessas áreas, com processos mais rígidos, que envolvam técnicas de arquitetura", esclareceu. O que move o arquiteto é a vontade de pensar no futuro de uma maneira sustentável e, para ele, o projeto é uma maneira de fazer as pessoas beneficiadas pensarem mais a respeito da reciclagem.
Em junho do ano passado projeto semelhante aconteceu, durante 12 dias, no Alto da Sé, em Olinda, na Região Metropolitana da capital. Através das demandas dos moradores, os profissionais promoveram melhorias na iluminação, limpeza e uma revitalização do ambiente. Ao final das quase duas semanas de trabalho, lixeiras, placas de sinalização e pinturas mudaram o visual do local. O objetivo, segundo os organizadores, era "abraçar a área", dando à população um ambiente mais funcional, com soluções para os problemas apresentados.
Informações: 3421-8393