A data ainda não está definida, mas a Arquidiocese de Olinda e Recife anuncia a reabertura da Concatedral de São Pedro dos Clérigos, que estava fechada para obra de restauração desde dezembro de 2012. Localizada no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife, a igreja construída no século 18, com o interior revestido de talha, é uma das principais representantes da arquitetura religiosa barroca em Pernambuco.
Depois de três anos e sete meses de trabalho, o templo está pronto para retomar as atividades religiosas. “Vamos escolher a data da celebração festiva com o arcebispo, dom Fernando Saburido, e convidar a comunidade católica para participar, em breve”, avisa o bispo auxiliar, dom Antônio Tourinho Neto. A empresa responsável pela intervenção devolveu a igreja à arquidiocese na manhã de quinta-feira (14).
Com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-Cidades Históricas), no valor de R$ 3.118.483,52, foram restauradas coberta, paredes, esquadrias, cantaria, instalações elétrica e hidráulica, piso e pintura do prédio. “Fizemos a recuperação estrutural e a limpeza das fachadas”, afirma Laura Alecrim, arquiteta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O contrato não previa a conservação das talhas, imagens de santos e pinturas decorativas do interior da igreja. “Limpeza, consolidação e um pouco de restauro são suficientes, de um modo geral o acervo artístico está bem conservado”, garante Laura Alecrim. “A arquidiocese pode elaborar um projeto e procurar recursos para executar o serviço”, sugere a arquiteta Cremilda Martins de Albuquerque, coordenadora técnica do Iphan.
De acordo com o instituto, o dano mais grave no prédio era uma fissura na torre esquerda. A rachadura provocou o deslocamento da torre e comprometeu o arco no acesso à nave central, logo na entrada da igreja, que continua escorado à espera da obra definitiva de recuperação. “No que se refere à estrutura, o prédio está seguro e pode reabrir”, afirma Laura Alecrim.
A Igreja de São Pedro dos Clérigos, edificação de destaque do Pátio de São Pedro, teve a construção iniciada em 1728 e foi consagrada em 1798. “É um templo ímpar na cidade, a planta octogonal da nave (local onde os fiéis assistem à missa) é única em Pernambuco, assim como a portada de pedra na fachada”, observa Cremilda.
A portada a que ela se refere é uma moldura em volta da porta principal decorada com colunas, figuras humanas e de sereias, flores, chaves (símbolo de São Pedro) e outros adornos. “Não há outra com esse requinte”, diz Cremilda. A madeira usada nas talhas, possivelmente, é cedro ou amarelo vinhático, comuns em construções religiosas do século 18. “O cedro era muito usado por ser mais leve e mais fácil de ser esculpido”, informa a arquiteta.
Segundo ela, a talha tinha detalhes dourados, que se perderam com o tempo. “Em épocas passadas, a talha foi pintada de branco, tinta retirada anos depois pelo Iphan, que optou por conservar a madeira pura, porque o ouro não existia mais”, relata. O imóvel, tombado pelo Iphan em 1938, preserva no teto e em algumas laterais pinturas feitas por João de Deus Sepúlveda, um dos mais importantes artistas pernambucanos do período colonial.
Dom Antônio Tourinho percorreu o templo, considerado concatedral porque divide com a Catedral da Sé de Olinda o título de principais igrejas da arquidiocese, acompanhado de Telma Liége, gestora de Projetos da Arquidiocese de Olinda e Recife e do padre Moisés Ferreira, representante da Comissão de Restauro da instituição.
AVARIAS
Dias antes, eles também visitaram prédios religiosos do Centro do Recife que precisam de reparos. “A Igreja de São José do Ribamar está muito comprometida, parcialmente interditada e só abre para o público rezar, sem celebração de missa”, diz bispo auxiliar. “A Matriz de São José está fechada e seria restaurada pelo Consórcio Novo Recife, como medida compensatória, estamos aguardando”, diz Telma.
A obra de restauração da Igreja Matriz de Santo Antônio continua paralisada, com 43% dos serviços realizados. No momento, o Iphan espera a análise de um aditivo que daria mais 11 meses de prazo para a conclusão dos trabalhos. Aditivo de sete meses já foi concedido ao instituto para a finalização da obra de recuperação estrutural da Igreja Conceição dos Militares, na Rua Nova, em Santo Antônio.
“Houve uma redução significativa no ritmo dos trabalhos. Com o aditivo aprovado dia 6 último, vamos retomar e concluir”, diz Laura. As intervenções são executadas com recursos do PAC e as duas igrejas estão fechadas.