Apesar da crise que enfrenta, o metrô do Recife retomou a discussão sobre o projeto de ampliar sua linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilho) Cajueiro Seco /Cabo até Suape, em Ipojuca. O ramal já existe mas está bastante degradado e precisa ser totalmente recuperado. A proposta será debatida entre técnicos da Companhia Brasileira de Trens Urbanos ( CBTU) e o ministro das Cidades, Bruno Araújo, na próxima segundafeira (15).
É uma obra estimada em R$ 300 milhões. Estou pedindo que seja apresentado o projeto para vermos a possibilidade de incluílo em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e podermos pensar, quem sabe, no início dessa extensão", informou o ministro em entrevista à Rádio Jornal, ontem.
O superintendente da CBTU/Recife, Leonardo Vilar, explica que já está previsto para o próximo ano o repasse de R$ 48 milhões para concluir a duplicação da Linha Cajueiro Seco, que ainda hoje só é dupla até Pontezinha, depois segue única até o centro do Cabo. Já a recuperação dos cerca de 11 quilômetros do ramal de Garapu até Suape (que era uma linha de carga) exigiria mais R$ 300 milhões.
“Há um volume muito grande de trabalhadores de Suape que hoje só têm a opção rodoviária e reclamam da necessidade do sistema ferroviário. Estamos fechando todos os levantamentos preliminares para apresentar ao ministro”, destaca Leonardo. Segundo ele, embora apenas cinco dos nove VLTs estejam em funcionamento, não seria necessário adquirir mais trens, apenas recuperar os que estão quebrados. E as fontes de recursos para melhorias e para o custeio do sistema são diferentes, portanto, continuará brigando pelas duas.
O motorista José Orlando, 41 anos, também chamou atenção para o problema e se mostrou descrente nos resultados da ampliação. “Faz mais de dois anos que estão duplicando essa linha e não terminam. Melhor se o metrô fosse ampliado. Seria mais rápido e atenderia mais gente, o VLT está sucateado e saturado. Em horário de pico a gente mal consegue entrar”.
No momento em que a reportagem saía da Estação Cajueiro Seco, ontem à tarde, ela foi fechada devido o descarrilamento de um VLT que seguia, sem passageiros, para a oficina, em Jardim São Paulo. O trem ficou bloqueando a Linha Sul, numa zona de transferência entre as estações Tancredo Neves e Aeroporto, até a noite.
Movidos a biodiesel, combustível derivado de fontes renováveis, os VLTs substituíram os trens a diesel entre outubro de 2011 e fevereiro de 2012. Apesar de mais modernos, confortáveis e com ar-condicionado, eles têm capacidade de transportar 600 passageiros por viagem, enquanto as locomotivas a diesel transportavam mais de mil. Na época, já se falava em levar a linha até Suape.