A via-parque projetada para fazer a ligação entre as Pontes da Capunga e da Torre, margeando o Rio Capibaribe no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, será, oficialmente, o segundo trecho a ser implantado do Parque Capibaribe. Licitação para escolha da empresa que vai executar o serviço está prevista para ser lançada em outubro de 2016, pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smas) da cidade.
“Assim que o edital estiver na rua vamos apresentar o projeto aos moradores do bairro”, informa a secretária de Meio Ambiente do Recife, Inamara Melo. O processo de licitação, diz ela, demora três meses e a obra deve começar no início de 2017. Representantes da Associação Por Amor às Graças estiveram na secretaria, ontem à tarde, e discutiram estratégias de sensibilização da comunidade para a via-parque.
A obra será financiada pela Caixa Econômica Federal, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal. Como o projeto inicial foi alterado, o valor do serviço diminuiu. “Vamos abrir, com a sobra, ruas transversais de acesso à beira-rio”, adianta Inamara. O financiamento da Caixa é de R$ 54.569.542,67. E o valor total do convênio é de R$ 57.441.623,87, incluindo a contrapartida da prefeitura.
Na proposta de origem seria construída uma pista para carros com quatro faixas de rolamento, de uma ponte até a outra. Agora, o projeto contempla uma faixa para carro compartilhada com bicicleta, em dois trechos da beira-rio: da Ponte da Capunga até a Rua Dom Sebastião Leme e da Rua Manoel de Almeida na direção da Ponte da Torre. A pista terá 4,5 metros de largura e a velocidade máxima é de 30 quilômetros.
De acordo com a arquiteta Circe Monteiro, do instituto de pesquisa e inovação para as cidades vinculado à Universidade Federal de Pernambuco (Inciti-UFPE), haverá um píer flutuante no fim da Rua das Pernambucanas, um mirante no fim da Rua Dom Sebastião Leme, um mirante perto da Ponte da Capunga e duas passarelas cobertas nesse trecho do rio – uma entre as Ruas Oswaldo Salsa e das Pernambucanas e outra entre as Ruas Aníbal Falcão e Manoel de Almeida. O Inciti desenvolve os projetos do parque para a prefeitura.
As Ruas das Pernambucanas e Dom Sebastião Leme funcionarão como os principais acessos ao rio e serão ajardinadas. Além disso, duas passarelas flutuantes para pedestres e ciclistas deverão ser construídas debaixo das Pontes da Torre e da Capunga. “Pedestres e ciclistas circularam em toda a extensão da via-parque, mas os carros terão de entrar e sair porque a pista não é contínua para veículos motorizados”, explica Circe.
O tempo estimado de execução da obra é de 18 meses, informa a presidente da Empresa de Urbanização do Recife, Norah Neves. A via-parque terá 950 metros de extensão e no futuro vai se conectar com o Jardim do Baobá, o projeto piloto do Parque Capibaribe, aberto ao público este mês nas imediações da antiga Estação Ponte D’Uchôa, nas Graças. Inamara Melo acrescenta que o piso de madeira do píer flutuante do jardim e o corrimão começaram a ser instalados segunda-feira passada, aumentando a segurança para os visitantes.
Enquanto o parque vai surgindo, ocupações espontâneas movimentam as margens do Capibaribe, como a sementeira na Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, em Parnamirim, e a Praça da Cigarra no Poço da Panela. A sementeira funciona há 15 anos e usa um pedaço da margem do rio para expor os jarros de plantas, criando um jardim ribeirinho, colorido.
Criada há cinco anos pelo artista cênico Cristiano Cavendish, a Praça das Cigarras fica na Rua Engenheiro Jair Furtado Meireles e serve como espaço para contemplação, leitura, piquenique, lançamento de livros, exposições, cenário para filmes e fotos e apresentações musicais. O espaço está decorado com esculturas.
“Recebi as peças de amigos artistas plásticos para compor a praça. O nome é uma referência às cigarras que cantam aqui todos os dias”, diz Cristiano, que mora em frente ao refúgio.