O movimento Casa Amarela Saudável e Sustentável, criado há sete anos, ganhou status de instituto. Com isso, terá autonomia para ir em busca de recursos e viabilizar projetos para o bairro, na Zona Norte do Recife. “Somos, oficialmente, uma associação de moradores, mas não um grupo só de reivindicações, defendemos a participação comunitária na gestão”, afirma Vandson Holanda, coordenador do Instituto Casa Amarela Saudável e Sustentável (Icass).
Segundo ele, a principal mudança, agora que o grupo está formalizado, é a possibilidade de serem lançados projetos liderados pela comunidade. “Claro que precisaremos da aprovação do poder público, mas não vamos depender do governo para implementar as propostas”, declara. Vandson cita ações de educação ambiental, que já vêm sendo realizadas, como exemplo de iniciativas que não dependem da prefeitura.
O projeto de compostagem para a feira livre, em fase de estudo, também faz o mesmo perfil, diz Vandson Holanda. “A prefeitura, nesse caso, entra como uma parceira, assim como também teremos outros parceiros”, explica. Moradores do bairro e de comunidades vizinhas interessados em participar da entidade poderão se associar ao Icass, em breve. As orientações estão disponíveis no Facebook do grupo.
Nos últimos sete anos o movimento conseguiu, com o município, criar ciclovias em vias do bairro, como a Estrada do Arraial, Estrada do Encanamento e Rua Paula Batista. “A ideia da prefeitura era fazer um binário entre a Estrada do Arraial e a Estrada do Encanamento sem espaço para bicicleta. Queríamos algo melhor, mas garantir a implantação da ciclovia foi um avanço”, avalia.
Em julho do ano passado, o grupo inaugurou uma horta comunitária às margens do Canal Vasco da Gama-Peixinhos. As plantas estão disponíveis para moradores da área e o instituto trabalha para aprimorar o local, com suporte técnico. “Pretendemos elaborar uma cartilha para orientar o plantio e as espécies adequadas.” Todas as ações do instituto, diz Vandson, terão apoio técnico.
Recentemente, a Fundação Casa, de São Paulo, aprovou o projeto da entidade para mobilização comunitária. E, após o segundo turno das eleições, o Icass entregará ao prefeito eleito do Recife o Plano de Bairro criado pela entidade, com diretrizes de mobilidade, proposta para ocupação de espaço público, sugestão para altura de novas construções no bairro e tipo de muro das edificações.
Com relação às ações de mobilidade, ele disse que é essencial fazer recuperação das margens do Canal Vasco da Gama-Peixinhos, nas proximidades da horta comunitária. “Temos proposta para organizar aquela área, calçar a rua é o ponto principal da intervenção viária. Sugerimos à prefeitura pista para carro e para bicicleta. Porém, esse projeto depende do município”, declara Vandson.
O documento também propõe a participação comunitária efetiva nos espaços públicos, entre outras ideias para se chegar a um bairro seguro, saudável e sustentável. O Icass, diz ele, pretende dar uma nova vida ao Sítio Trindade, não só abrindo mais portões de acesso ao parque. “Sugerimos melhorar a segurança, colocar quiosques padronizados de lanches, transformar o casarão num museu e expor os achados arqueológicos resgatados no sítio.”
Morador de Casa Amarela, Alberto Pereira Leite, 53 anos, aprova a iniciativa do instituto, com destaque para a horta comunitária. “Falta achar uma solução para um terreno baldio, a poucos metros da horta, usado como estacionamento e ponto de prostituição”, declara Alberto. “Quando eu era menino esse terreno era uma pracinha, com campo de futebol onde a gente jogava bola”, recorda.