Primeiro projeto de jardim público de Roberto Burle Marx (1909-1994), a Praça de Casa Forte compõe a terceira reportagem da série sobre as áreas verdes criadas e reformadas pelo paisagista no Recife
A variedade de espécies, a composição das plantas nos jardins e o colorido das flores da Praça de Casa Forte confirmam a assinatura de Roberto Burle Marx na famosa área verde da Zona Norte do Recife. “Mesmo com os problemas e pontos negativos identificados, é aqui onde está mais presente o pensamento de Burle Marx”, afirma a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro, coordenadora do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco.
Vinculado ao curso de arquitetura da UFPE, o Laboratório da Paisagem pesquisa há anos a obra do paisagista na cidade. Um dos resultados dos estudos, a cartilha Os Jardins de Burle Marx no Recife, está disponível para consultas no site www.ufpe.br/dau.paisagem com a Praça de Casa Forte abrindo a publicação. Projetada em 1935, ela é dividida em três jardins, cada um com um lago no meio da vegetação.
Apenas o canteiro central é adotado e a empresa cuida da manutenção. Faltam parceiros para assumir os outros dois jardins. “Sozinhos não temos como dar conta de tudo”, observa o presidente da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), Roberto Gusmão. Das 407 praças do Recife, 89 são adotadas. O telefone para mais informações sobre adoção é (81) 3355-5540.
Roberto Gusmão acrescenta que a prefeitura lançou, no fim do ano passado, um modelo flexível de placas de publicidade para tornar as praças do Recife mais atraentes aos interessados na adoção. Em 2014, a Emlurb fez investimentos no primeiro jardim da Praça de Casa Forte – aquele mais próximo da Avenida Dezessete de Agosto – com a recuperação do lago, a retirada de espécies que não faziam parte do projeto original e o plantio de vegetação indicada por Burle Marx.
VARIEDADE DE PLANTAS
“Espécies colocadas no jardim do meio, numa intervenção realizada em 2014 morreram”, lamenta Ana Rita, citando o pau-mulato e o açaí. Dos oito pés de cássia-grande plantados em 2011, cinco foram atacados por praga e morreram, diz ela. A Praça de Casa Forte é o primeiro jardim moderno brasileiro, destaca Ana Rita.
Burle Marx indicou para a praça exemplares da mata atlântica, da Amazônia e espécies tropicais exóticas de outros continentes. Também sugeriu plantas aquáticas como ninfeas, vitórias-régias e lótus para os lagos. “É muita linda, só falta segurança”, declara o médico aposentado Itamar Belo dos Santos, que pratica caminhada nas calçadas da praça.
“Sinto falta de manutenção nas plantas e a grama está seca”, ressalta Inês Braga, moradora do bairro. “E esse serviço de lavar carro na praça não deveria existir”, completa.