Porta de entrada do antigo prédio do Aeroporto Internacional do Recife, no Ibura, bairro da Zona Sul, a Praça Ministro Salgado Filho foi projetada por Burle Marx em 1958, com jardim aquático decorado com aninga, lótus, papiro e vitória-régia. Em redor do lago o paisagista indicou o plantio de palmeira, abricó-de-macaco, pau-rei, sibipiruna e ipê-roxo, entre outras espécies.
A prefeitura, orientada pelo Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), recuperou a proposta original do paisagista e resgatou plantas sugeridas por Burle Marx para a Praça Ministro Salgado Filho, em 2013. “Com o tempo, muita coisa se desgastou”, afirma Ana Rita Sá Caneiro, coordenadora do laboratório e professora da graduação e da pós-graduação do curso de arquitetura e urbanismo da UFPE.
“Burle Marx fez um projeto moderno para a Salgado Filho, o jardim era o hall de entrada do aeroporto e se somava à edificação. Isso mudou porque o novo terminal ficou desligado da praça, que agora encontra-se na frente de um prédio sem uso”, observa a arquiteta. “A praça é usada apenas como passagem para quem vem ao aeroporto de ônibus”, resume o aeroviário José Luiz da Silva.
De acordo com ele, o jardim poderia ser mais convidativo, mas a falta de sinalização dificulta a travessia. “Carros e ônibus passam a toda velocidade, é difícil e arriscado sair do aeroporto para a praça”, reforça. O caminho de pedra que cruza a Praça Ministro Salgado Filho ligando o aeroporto à parada de ônibus da Avenida Mascarenhas de Morais alaga no período chuvoso. “O risco de acidente é grande porque as pedras ficam soltas”, acrescenta.
O presidente da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), Roberto Gusmão, informa que a área verde, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e classificada com jardim histórico do Recife, será novamente restaurada. Depois de recuperada, a praça vai ser adotada. “Uma empresa já se comprometeu a cuidar da Salgado Filho”, diz Roberto Gusmão.
Numa vistoria na Praça Ministro Salgado Filho, o biólogo Joelmir Silva, do Laboratório da Paisagem da UFPE, constatou que árvores plantadas em 2013 estão morrendo e substituídas por outras espécies. Dos seis pés de ipê-rosa colocados na última obra de restauração só resta um. E no lugar vago há pés de aroeira e jasmim, que não são indicadas no projeto de Burle Marx.
Ana Rita também chama a atenção para os cuidados com as calçadas das áreas verdes. “É um elemento de importância na praça. No Derby, por exemplo, a calçada tem diferentes tipos de pavimentos”, diz ela. Quem tiver interesse em adotar praças do Recife pode acionar a Emlurb pelo telefone (81) 3355-5540.