O cobogó especialmente criado para cobrir a fachada do segundo módulo do Cais do Sertão, no Bairro do Recife, começa a dar o ar de sua graça no prédio em construção no Cais do Porto. Das 2.160 peças necessárias para resguardar as paredes, mais de 1.600 estão prontas e mais de 700 já foram instaladas. A previsão é assentar todas até o fim de julho de 2017.
Cada cobogó, criado pelo arquiteto Marcelo Ferraz, que atua em São Paulo e assina o projeto do Cais do Sertão, mede um metro quadrado e pesa 160 quilos. As peças são produzidas de modo artesanal, no canteiro de obras do prédio. Além de proteger as paredes contra as intempéries (maresia, sol, chuva, vento) e esconder as instalações do ar-condicionado, os cobogós tem função estética.
Quando o sol bate na fachada, o reflexo do desenho dos cobogós reproduz no chão o solo rachado dos municípios sertanejos. “É mais um elemento do Sertão no prédio”, observa a secretária-executiva do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), Manoela Marinho, responsável pela obra. Por uma questão de engenharia, as peças são colocadas nas fachadas voltadas para o mar e para o rio, ao mesmo tempo.
Só depois de instalados são feitos o acabamento e a pintura, na cor branca. Com DNA pernambucano, o cobogó é uma alternativa para fechar paredes sem impedir a passagem da luz e do vento. As peças do segundo módulo do Cais do Sertão são confeccionadas com uma mistura de cimento branco, fibra e outros materiais que conferem a textura, a tonalidade e a resistência esperadas.
Uma única peça demora um dia para secar e ser desenformada. Mas não pode ser aplicada de imediato. É preciso esperar 15 dias. “Levamos oito meses fazendo provas, até chegar ao ponto certo”, diz a engenheira do Prodetur Cristiane Viana, que acompanha a obra do Cais do Sertão.
O edifício de 15 metros de altura e cinco pavimentos (sendo dois intermediários) distribuídos em 6,6 mil metros quadrados de área construída vai abrigar um café-bar, uma loja, área de convivência (térreo), anfiteatro para 320 lugares, salão de 430 metros quadrados para exposições (primeiro piso), três salas multiuso (segundo piso), jardim e restaurante panorâmico no terceiro pavimento.
A obra teve início em abril de 2016, ficou dois meses suspensa no mesmo ano e está prevista para terminar em dezembro de 2017, informa Cristiane Viana. Os dois módulos do Cais do Sertão – o primeiro corresponde ao museu, inaugurado e em funcionamento – ocupam a área do antigo Armazém 10 do Porto do Recife, incluindo o pátio de estocagem.
Equipamento vinculado à Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), o Museu Cais do Sertão é administrado pela Fundação Gilberto Freyre. A entidade, possivelmente, assumirá a área de exposições. Os dois imóveis são interligados pelo térreo e pelo primeiro pavimento. Ainda não está definido quem vai explorar o restaurante, o café-bar e a loja, declara Manoela Marinho.
O prédio novo, diz ela, tem o segundo maior vão livre do Brasil, com aproximadamente 60 metros de comprimento. Só perde para o Museu de Arte de São Paulo (Masp). A obra custa quase R$ 25 milhões, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), liberados pelo Prodetur, programa ligado à Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco.