Espaço Sideral é tema de estudo de pernambucano que ganhou o mundo

Nascido em 1985 no Vasco da Gama, Elias de Andrade Jr. é o primeiro brasileiro a se especializar no tema da preservação e da diplomacia espacial
Maria Lua Ribeiro
Publicado em 16/07/2017 às 8:00
Foto: Foto: Divulgação


A preservação do meio ambiente extraterrestre é um tema pouco conhecido, mas um dos estudiosos da área é o jovem pernambucano Elias de Andrade Jr. de 31 anos. Ele vive em Viena, na Áustria e faz parte das delegações diplomáticas brasileiras no Comitê das Nações Unidas (ONU) sobre os usos pacíficos do espaço desde 2012. Para chegar a este patamar profissional, o menino de sorriso aberto saiu do Vasco da Gama, bairro da Zona Norte do Recife, para ganhar o mundo há pelo menos dez anos.

Filho único, quando está no Brasil, ele vive com a mãe, Maria Aparecida, que é artista plástica: “Minha mãe trabalhou como decoradora do Galo da Madrugada por muitos anos. Recentemente ela refez o ensino médio e por ter sido a primeira da turma, ganhou bolsa para estudar nutrição”, conta orgulhoso.

O momento atual de Dona Cida remete à trajetória veloz de Elias. Ele recebeu bolsa para financiar os estudos ainda no Brasil, enquanto estava no ensino médio: “Ganhei um auxílio para estudar na Escola Nossa Senhora de Fátima, em Paratibe, Paulista, e me recordo do longo caminho de ônibus do Vasco até lá”. Ele acordava de madrugada todos os dias para chegar no horário da aula, tendo finalizado o Ensino Médio em 2003.

PARA O MUNDO

Em 2005 Elias de Andrade entrou para o Seminário do Sagrado Coração de Jesus do Recife, onde cursou Filosofia. Destacou-se por saber falar inglês, sendo recrutado para o Seminário de Detroit, nos Estados Unidos, em 2006. “Saí do Brasil pela primeira vez com R$ 25,00 no bolso sem nunca ter entrado em um avião!”. Um semestre foi o suficiente para Elias perceber que não queria continuar na vida religiosa.

Então, o filho de Dona Cida se deparou com um grande obstáculo: trocar o visto religioso para o estudantil. “Consegui bolsas de faculdades e patrocínios de americanos para estudar e voltar aos EUA em 2007”. A partir dali, o menino sorridente concluiu quatro formações em três anos e meio: ensino técnico em Astronomia e Ciência da Terra (Geologia) e um bacharelado nas modalidades Filosofia, Sociologia e Estudos Globais (Relações Internacionais) na Universidade de St. Cloud, em Minnesota, EUA, em 2010.

Prestes a iniciar um mestrado em Chicago, Estados Unidos, o representante da ONU recebeu uma grande surpresa: ganhou mais uma bolsa, dessa vez para estudar na Universidade de Viena, na Áustria. "Pensei: é tudo ou nada. Se eu não for agora, não vou nunca mais!". E lá se foi ele, cursar o Erasmus Mundus Global Studies – Uma Perspectiva Europeia (EMGS), apontado entre os 10 melhores mestrados da Europa.

VOZ

O principal papel desenvolvido pelas delegações da ONU, é negociar que o uso do espaço exterior seja feito de forma pacífica e justa entre todos os países, independentemente da situação econômica e do desenvolvimento tecnológico de cada um deles. O objetivo é que o espaço não se torne uma nova colônia explorada apenas pelas potências mundiais.

O Brasil tem um papel enorme no UNCOPUOS (United Nations Committee on the Peaceful Uses of Outer Space), como é conhecido o comitê em inglês, desde a sua criação em 1959, Elias segue o seu destino. “O país tem ganhado grande voz moderadora e trouxe itens para as agendas, como discussões sobre as tecnologias que irão minerar corpos celestes e sobre sustentabilidade”, explica.

E por falar em agenda, o recifense do Vasco da Gama, representante da ONU, está de passagem pelo Brasil para realizar palestras e ministrar aulas sobre o direito espacial: “Quero aproveitar o tempo para trazer os conhecimentos de Viena até o Recife e abrir nossos olhos para o futuro das atividades espaciais”, conta. Ele também divulga o seu primeiro livro “Space Debris: A Great Leap Forward We Won’t Take” (Escombros Espaciais: Um Grande Salto para a Frente que Não Daremos). A obra retrata um dos maiores problemas envolvendo o espaço que é a produção do lixo espacial.

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