A Prefeitura do Recife não tem prazo para começar a obra de ampliação da faixa de areia da Praia de Boa Viagem, na Zona Sul da cidade, recomendada por especialistas para controle da erosão marinha. Indicado para um trecho de quase cinco quilômetros de extensão, da Avenida Armindo Moura até a Rua Bruno Veloso, o serviço seria executado em 2016 com verba do Banco Mundial. Até o momento o município não conseguiu captar os recursos.
Sem a engorda da praia, as ondas continuam batendo no enrocamento e aumentando a erosão, alerta a gerente de Gerenciamento Costeiro da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Andréa Olinto. O enrocamento é aquela proteção de pedras que começou a ser instalada pela prefeitura em 1994, como solução provisória e temporária, foi expandido e continua sendo utilizado como a única medida de combate ao avanço do mar na Praia de Boa Viagem.
O paredão de pedra é uma estrutura rígida e isso potencializa a energia das ondas, afirma Andréa Olinto. “A onda bate nas pedras e volta com mais força. Nesse movimento, vai cavando a areia e provocando a erosão. Se o Recife não tomar providências, a tendência é esse processo erosivo se expandir pelo litoral na direção norte (sentido Olinda e Paulista)”, avisa. O projeto prevê para Praia de Boa Viagem o alargamento de 30 a 35 metros da faixa de praia.
Com o ambiente restaurado e equilibrado, diz Andréa Olinto, as ondas de inverno e de tempestade encontrarão areia suficiente e a água será absorvida sem criar erosão. “É o que está ocorrendo na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, desde que foi feita a engorda indicada”, destaca. De acordo com ela, o projeto previa perda de 10% da areia recolocada, após cinco anos. Passados três anos, a perda oscila em 1%. “Piedade é uma praia estabilizada”, reforça.
Numa nota enviada pela assessoria de imprensa, a Autarquia de Urbanização do Recife (URB) informa que está aguardando liberação de recursos federais para licitar a obra de engorda da Praia de Boa Viagem, orçada em R$ 66 milhões. A areia – cerca de um milhão de metros cúbicos – será retirada de jazidas submarinas no Cabo de Santo Agostinho.
Enquanto isso, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) faz o monitoramento e constantes reparos no enrocamento. Em 1994, o paredão de pedras tinha 500 metros de extensão. Hoje alcança quase 2,5 quilômetros de extensão, das imediações da Pracinha de Boa Viagem até o Edifício Castelo Del Mar. Em 22 de junho último, um trator que tentava devolver para o paredão as pedras derrubadas pelas ondas encalhou na praia, diz a banhista Lílian Calado.
Andréa Olinto acrescenta que as Prefeituras do Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes receberam da Semas projetos básico e executivo de recuperação da orla, no fim de 2013. “Todas têm a licença prévia, que corresponde ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA), e a licença de instalação da obra renovada até 2018, além de autorização do Patrimônio da União para retirar a areia da jazida.”
Olinda também está em busca de recursos do governo federal para fazer a engorda das Praias do Carmo, Bairro Novo e Casa Caiada. Paulista optou por fazer uma ação emergencial utilizando o bag wall para conter a erosão marinha. “Por ser uma estrutura rígida, o bag wall tem o mesmo efeito dominó do enrocamento”, alerta Andréa Olinto.