Moradores de Santo Amaro querem maior contrapartida em plano

Movimento critica ausência de discussões com as comunidades para elaboração de plano
Cidades
Publicado em 10/08/2017 às 6:12
Movimento critica ausência de discussões com as comunidades para elaboração de plano Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


O Movimento Resiste Santo Amaro, que surgiu em 2015 para combater a especulação imobiliária no bairro, situado na área central do Recife, defende maior discussão do plano urbanístico apresentado pelo município para a Vila Naval e entorno, como também maior contrapartida por parte das construtoras que venham a adquirir os lotes a serem comercializado pela Marinha do Brasil.

O Plano Específico Santo Amaro Norte será debatido com a sociedade no dia 22, a partir das 8h30, no Ginásio Pernambucano da Avenida Cruz Cabugá e receberá contribuições até o dia 8 de setembro. Depois, seguirá como projeto de lei para aprovação na Câmara Municipal. O movimento se mobiliza para comparecer em peso ao evento, embora o horário (8h30 às 13h) e formato (com inscrição prévia pela internet) não sejam considerados favoráveis.

O conselheiro tutelar André Torres, um dos representantes do Resiste Santo Amaro, diz que o movimento não é contra a renovação da área, mas que a proposta já chega pronta. “Não somos contra o desenvolvimento, somos a favor. Mas enxergamos um momento para Santo amaro crescer como um todo e não tem o dedo da comunidade neste projeto”, declara. “A área tem déficit habitacional, ausência de creche, de posto de saúde. Precisa de mais contrapartida em forma de serviços públicos”.

Torres diz que o movimento ainda está avaliando o plano, mas de antemão já percebe uma segregação das comunidades carentes. “Existe uma dificuldade muito grande em se conseguir terreno no Recife para construir habitacionais. Quando surge a oportunidade, vão botar gente de fora e criar um muro invisível”, afirma.

O plano engloba as comunidades de Beco dos Casados, Ilha de Santa Terezinha, Santo Amaro e Sítio do Céu, localizadas entre as Avenidas Cruz Cabugá e Agamenon Magalhães, que são classificadas como Zona Especial de Interesse Social (Zeis). A proposta é ampliar o traçado da Zeis, em trechos do Beco dos Casados e da comunidade Santo Amaro; construir habitacionais nas próprias comunidades e realocar famílias situadas em áreas mais críticas para esses imóveis.

VILA NAVAL

No terreno da Vila Naval, o plano define seis lotes, sendo uma para construção de habitacional para a Marinha e cinco para torres residenciais e comerciais. Cada lote pode ter até três torres, uma delas com até 21 andares e todas com o térreo em formato de galeria, sem muros ou grades. Quem ficar com os lotes deverá alargar a Avenida Cruz Cabugá e realocar praças para a margem dos rios.

O pescador Paulo Pessoa, 59 anos, há 50 anos na Ilha de Santa Terezinha, diz que o mais importante para as comunidades é permanecer na área. “Precisa melhorar, mas não podem tirar a gente e jogar fora”, salienta. Já o presidente da Associação de Pescadores, Nazareno de Lima, 66, afirma que gostaria de sair, se fosse indenizado.

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