A partir desta sexta-feira (10/11), quem passa pela Rua Padre Roma, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, não tem mais desculpa para dizer que desconhece o homenageado. Uma placa de azulejo, colocada no muro de um casarão pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, revela aos passantes que Padre Roma (José Ignácio Ribeiro de Abreu e Lima) foi um dos líderes da Revolução de 1817, movimento separatista que completou 200 anos em 6 de março último.
Mais do que uma charmosa placa de identificação da rua, ela traz informações básicas sobre o revolucionário, nascido no Recife no ano de 1768, arcabuzado em Salvador a 29 de março de 1817 e pai do general José Inácio de Abreu e Lima (1794-1869). O painel de cerâmica, inaugurado às 10h desta sexta-feira, é o número 100 do projeto A História nas Paredes, lançado em 2015 pelo Instituto Arqueológico.
“Nós levamos para as ruas informações que grande parte da população não tinha conhecimento, estamos contando a história de pessoas que participaram de acontecimentos importantes no Estado e no País, de forma simples”, resume o advogado Sílvio Amorim, sócio do Instituto Arqueológico e idealizador do projeto. Toda a pesquisa para os verbetes é feita por sócios da entidade, fundada em 1862 e com sede no Centro do Recife.
Para ler essa história não é preciso seguir um roteiro com começo, meio e fim. O circuito vai criando um livro, com as páginas abertas em muros e paredes das Zonas Oeste, Norte, Sul e Centro, à espera de leitores. No bairro das Graças (Zona Norte), bem no ponto onde a Avenida Rui Barbosa se encontra com as Ruas Cardeal Arcoverde e Esmeraldino Bandeira, por exemplo, há três folhas cheias de curiosidades.
O leitor vai descobrir, nas primeiras linhas, que a Avenida Rui Barbosa, no passado, era a Estrada do Manguinho. Rui Barbosa (1849-1923) é identificado com seu vasto currículo: jurista, político, diplomata, escritor, filólogo e orador. O cardeal Arcoverde – Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, 1850-1930 – aparece com o título de primeiro cardeal da América Latina. E o recifense Esmeraldino Bandeira (1865-1928) é apresentado como prefeito do Recife de 1898 a 1902.
Na rota das placas do Instituto Arqueológico, moradores e visitantes ficam sabendo que o conselheiro Rosa e Silva (1857-1929) foi vice-presidente do Brasil no governo Campos Sales, de 1898 a 1902. E que a Rua Vigário Tenório, no Bairro do Recife, faz referência a Pedro de Souza dos Santos Tenório (1779-1817), outro líder da Revolução Pernambucana de 1817. Morto por enforcamento, o religioso teve a cabeça e as mãos cortadas e expostas em poste por seis meses.
A História nas Paredes também resgata a origem dos lugares, continua Sílvio Amorim, citando o Cais do Apolo, no Bairro do Recife, criado a partir de um aterro executado em 1796. “No local, surgiu uma longa praia onde os frequentadores se banhavam nus, o que gerou sérias reclamações”, diz o texto da placa. O nome da via tem raízes no Teatro Apolo, fundado pela Sociedade Harmônica Teatral.
Cada painel mede 80x60 centímetros e é produzido com patrocínio de empresas, pessoas físicas, profissionais liberais e parentes dos homenageados. “A família do governador Carlos de Lima Cavalcanti vai patrocinar a placa da rua (liga a Praça do Derby à Avenida Conde da Boa Vista)”, diz Sílvio Amorim. Interessados devem procurar o Instituto Arqueológico, na Rua do Hospício, 130, Boa Vista.
A meta é produzir mais cem placas, fechando o circuito com 200 painéis. O projeto tem apoio da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife.