Tristeza e indignação eram alguns dos sentimentos mais expressivos nas faces de amigos e familiares da advogada Maria Emília Guimarães, 39, durante o velório realizado na tarde desta segunda-feira (27), no cemitério Morada da Paz, em Paulista. A mulher foi morta após ter o carro, dirigido pelo marido, atingido brutalmente por outro veículo em alta velocidade no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, na noite desse domingo (26).
Colegas de trabalho relataram, em unanimidade, o quanto ela era "uma pessoa alegre, leve e comprometida". De acordo com Lúcia Araruna, chefe da Diretoria Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), onde a vítima trabalhava, "foi difícil voltar para o local de trabalho e já ter essa notícia tão impactante". Flores e velas foram colocados ainda pela manhã no espaço onde Emília Trabalhava.
Além da advogada, também morreram no acidente Roseane Maria de Brito, 23, babá que trabalhava para a família como 'folguista' nesse fim de semana fatídico e estava grávida, e o filho mais novo do casal, Miguel Arruda da Motta Silveira, de 3 anos. Dentro do veículo também estavam o esposo de Emília, Miguel Filho Motta Silveira, 46, que teve quatro costelas quebradas e deslocamento de baço, além de Marcela Guimarães Motta Silveira, filha de 5 anos que passou por cirurgia durante esta manhã.
"Quero deixar bem claro e procurar saber dos representantes, da sociedade pernambucana, da sociedade brasileira, quantos mais serão vítimas desse absurdo. O que se faz necessário para se criar leis que realmente funcionem nesses casos covardes? Isso é um caso covarde, de um delinquente, que estraga vidas de pessoas maravilhosas, de famílias de bem. Quantos casos mais terão que acontecer para que atitudes eficazes possam vir à tona?", desabafou o autônomo Ramsés Alessandro Andrade, que trabalhava com Miguel num escritório de advocacia.
A colisão ocorreu depois que João Victor Ribeiro de Oliveira Leal, 25, que havia ingerido bebida alcoólica, conduziu em alta velocidade um Ford Fusion, avançou o sinal vermelho e atingiu o SUV Toyota RAV4 onde estavam as vítimas, no cruzamento da Avenida Rosa e Silva com a Rua Cônego Barata. O acusado, durante audiência de custódia, realizada nesta segunda-feira, afirmou que havia bebido desde as 13h no dia do acidente e não sabia precisar para onde estava indo. O jovem foi preso preventivamente e encaminhado para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), no município de Abreu e Lima, Grande Recife.
Segundo o promotor aposentado Antonio Victor de Araújo, amigo do pai de Emília há mais de 40 anos, a notícia da morte foi recebida por ele "com a resignação, evidentemente traumatizado, mais muito forte".
O enterro de Roseane Maria também está marcado para ser realizado nesta segunda-feira, a partir das 16h30, no município de Aliança, na Zona da Mata pernambucana.