Buscas por corpo de médico esquartejado em Aldeia são encerradas

Últimas partes encontradas, cabeça e tórax são consideradas as mais importantes
Margarette Andrea
Publicado em 13/07/2018 às 8:12
Últimas partes encontradas, cabeça e tórax são consideradas as mais importantes Foto: Reprodução Facebook


Quase completo. É assim que vai ficar o corpo do cardiologista Denirson Paes Silva, 54 anos, esquartejado e soterrado na cacimba de sua casa, no luxuoso condomínio Torquato Castro, em Aldeia, Camaragibe. Nesta quinta, nove dias após desenterrar do fundo do poço os primeiros pedaços dos membros inferiores, seguidos de partes dos superiores, a polícia encerrou as buscas, ao localizar – em uma profundidade superior a 25 metros – cabeça e tórax, partes consideradas fundamentais para ajudar os peritos a tentarem desvendar a causa da morte.

“Hoje foi dado um passo significativo nas investigações. Pelo volume do material encontrado, há possibilidade de o exame necroscópico a ser realizado por peritos do IML apresentar um posicionamento quanto a causa morte, que não tem nada a ver com a natureza jurídica, que já foi delineada como homicídio”, declarou o chefe da Polícia Civil, Joselito Amaral, em coletiva. “Podemos dizer que mais de 90% do corpo foi resgatado”. A data em que a família poderá enterrar o corpo, contudo, ainda não está definida, dependendo dos exames necessários.

As buscas, que começaram no dia 4 com o Corpo de Bombeiros, acabaram recebendo reforço de uma empresa de perfuração de poços, que Joselito não soube informar por quem estaria sendo paga. Segundo ele, as escavações foram até o ponto onde haveria riscos de desabamento se continuassem. “A dificuldade se deu porque jogavam partes do corpo depois a cobriam com areia e metralha para ocultá-lo e impedir a ação de bactérias e o mau cheiro”, observou o delegado.

PROVAS

Questionado se havia provas suficientes para incriminar a esposa e o filho mais velho do médico (Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, e o engenheiro Danilo Rodrigues Paes, 23), Joselito disse que a polícia trabalha com indícios. “E já temos o suficiente, tanto que a prisão temporária foi decretada e a Justiça negou o habeas corpus impetrado pela defesa. Exames podem robustecer as investigações e culminar com a prisão preventiva deles”, destacou.

Um dos indícios que ainda aguarda resultado da perícia são as manchas de sangue encontradas, com o reagente luminol, em três banheiros da casa e no corredor da área de lazer. “Não temos resposta do laboratório forense, foram quase 45 dias do desaparecimento e houve uso de produtos químicos, esperamos a confirmação se pertencem ou não a Denirson, mas já constatamos, por exame de DNA, que o corpo é dele”.

O delegado disse não ter sido procurado ainda pelo advogado de defesa de Jussara e Danilo para um possível depoimento, já que eles se recusaram a falar após localização do corpo e o defensor disse terem sido orientados por um outro advogado, mas que iriam depor. “A polícia não pode aguardar a decisão deliberada de ambos de se pronunciarem ou não, a investigação tem que avançar”.

QUEIXA

A polícia foi informada por Jussara no dia 20 de junho sobre o desaparecimento do marido, visto pela última vez em 31 de maio. Ela alegou que ele viajara para os Estados Unidos, mas o passaporte do médico estava com ela. E ele próprio cancelou a viagem, que faria com a mulher. No dia 4 de julho, ao realizar buscas na residência, o corpo foi localizado na cacimba, que tinha recebido um grosso tampo de concreto e dois vasos com plantas.

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