Escapulário: a proteção que vem de Nossa Senhora do Carmo

Na Festa de Nossa Senhora do Carmo, no Centro do Recife, frades fazem a bênção e imposição do escapulário
Cleide Alves
Publicado em 11/07/2019 às 10:20
Na Festa de Nossa Senhora do Carmo, no Centro do Recife, frades fazem a bênção e imposição do escapulário Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Desde a abertura da 323ª Festa de Nossa Senhora do Carmo do Recife, sábado passado (06/07), a missa das 12h termina com a bênção e imposição do escapulário. Para quem não sabe, escapulário é aquele objeto de devoção que católicos praticantes costumam usar no pescoço composto de duas peças pequenas presas por uma corrente fininha. É a versão em miniatura da faixa de pano que frades e freiras carmelitas usam sobre o hábito, descendo pelo peito e pelas costas.

A faixa, de acordo com frei Rosenildo Alexandre, reitor da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, sempre foi usada pelos religiosos, mas com a função de avental. Ela ganha o status de proteção divina que conhecemos hoje no século 13, ainda na idade média, quando a Ordem do Carmo passava por uma crise vocacional na Europa e volta suas orações para a mãe de Cristo, explica o frade.

Naquela época, possivelmente num dia 16 de julho de 1251, o frade inglês Simão Stock, superior da Ordem dos Carmelitas, fazia suas preces para Nossa Senhora e é surpreendido pela aparição da santa. “A Virgem Maria se dirige a São Simão e diz: Recebe este escapulário como sinal distintivo e marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo, é um sinal da salvação. Quem morrer revestido por ele será preservado do fogo eterno”, acrescenta o frade carmelita Messias Oliveira.

“Depois disso a ordem se propagou e atualmente estamos presentes em mais de 150 países”, destaca frei Rosenildo Alexandre. “Só recebe a proteção do escapulário aqueles que se mantêm fiel aos ensinamentos de Jesus”, observa frei Messias. A miniatura do escapulário, informam os religiosos, foi uma adaptação feita para os fiéis também usarem a peça, até então restrita a frades e freiras.


Escapulários foram popularizados em miniaturas (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Operário na Polônia, Karol Wojtyla (1920-2005), antes de ser nomeado pelo papa João Paulo II, usava o escapulário do Carmo, comenta frei Messias. A devota Fernanda Araújo, 54 anos, usa o escapulário como um signo de proteção celeste. “Minha avó era devota e minha mãe também, comecei a seguir a procissão de Nossa Senhora do Carmo ainda pequena e assisto à missa das 11h, aos domingos, em Olinda”, afirma Fernanda.

Ritual

Ela decidiu comprar o escapulário porque via outras pessoas católicas da família usando a peça. E foi alertada por uma parente sobre o ritual de vestição do escapulário. “Eu não podia botá-lo diretamente no pescoço, quem deveria fazer era um padre ou frade carmelita. Fui na Igreja do Carmo de Olinda, o frade explicou a tradição e disse que há uma corrente de oração em todo o mundo feita por pessoas que usam o escapulário, para pedir proteção. É preciso rezar três aves-marias e um pai-nosso por dia para manter a corrente”, relata.

O ritual de imposição ou vestição do escapulário conduzido por um religioso é realizado apenas uma vez, de forma individual ou coletiva, informa o frei Messias. O frade ou padre faz uma oração específica, destacando o sinal de proteção materna da Virgem Maria e o empenho de quem vai usar o escapulário para servir à santa, e abençoa o objeto.

Se houver necessidade de substituição, a nova peça pode ser colocada no pescoço pelo devoto. Na Festa do Carmo, realizada na basílica dedicada à santa, no Centro do Recife, o ritual será realizado diariamente até segunda-feira (15), véspera do Dia de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Recife.

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