Um encontro de ritmos na abertura do Carnaval do Recife

A junção de maracatus e caboclinhos promete ser um dos momentos altos da festa que decreta o início da folia na capital
Do JC Online
Publicado em 05/02/2016 às 7:18
A junção de maracatus e caboclinhos promete ser um dos momentos altos da festa que decreta o início da folia na capital Foto: Sergio Bernado/JC Imagem


Acabou a espera. A ansiedade de um ano inteiro prestes a virar um sonho de intermináveis quatro dias. Na noite desta sexta-feira (5), quando o músico Naná Vasconcelos invadir o palco do Marco Zero com seu cortejo de maracatus e caboclinhos, a sorte está lançada: é Carnaval no Recife. É hora de a alma ficar maior que o corpo. Carregá-lo como se não houvesse dia e noite. Só frevo, suor e imaginação. O encontro inusitado dos tambores africanos com as preacas dos caboclinhos carregam a força do candomblé e da jurema. Para aproximar duas expressões culturais tão fortes, o mestre Naná aposta na macumba, ritmo um pouco mais acelerado da tradição indígena que promete dialogar com o batuque dos maracatus. Se a ordem é festejar, o tom é de celebração.

A cantora cabo-verdiana Sara Tavares, uma das convidadas da festa, traduz bem o que o momento representa: “É um ritual de corpo e espírito. O canto conecta a alma com o divino. A dimensão dos maracatus é imensa e faz uma ligação direta com as nossa raízes”, afirma a artista, pela primeira vez no Carnaval do Recife. Apesar da estreia, já se sente em casa. “Tudo é fusão em Cabo Verde. Lá também amamos o Carnaval. Só que aqui essa paixão ganha proporções ainda maiores.”

Sob o comando de Naná, a cantora divide o palco com outro convidado, nesse caso, um velho conhecido do Carnaval do Recife. Com fortes ligações com o maracatu, o pernambucano Lenine elogia a iniciativa de trazer os caboclinhos para esse grande encontro. “Salve São Naná Vasconcelos. Há 15 anos, ele vem reiterando essa importância histórica que têm as nações de maracatu do Recife. E este ano, mais do que isso, lança a atenção para os caboclinhos, que estavam um pouquinho esquecidos”, comemora.

Essa foi uma das preocupações do percussionista que está em clima de debutante. São 15 anos no comando da festa que oficializa a chegada da folia. “É uma forma de dar visibilidade aos caboclinhos. Não só por uma noite. Mas o ano inteiro. Eles são uma expressão exuberante, que precisa ser valorizada”, diz Naná. O cortejo chega ao Marco Zero às 19h. Antes, o palco principal será dividido com dois homenageados: o Clube Carnavalesco Misto Pão Duro e o Maracatu Nação Porto Rico.

Por volta das 22h, quem assume o comando é o terceiro homenageado da folia. Caberá ao Maestro Forró e a sua Orquestra Popular da Bomba do Hemetério promover uma mistura que é a cara do Recife. Ele recebe nada menos que 18 convidados, entre os quais Johnny Hooker, Lirinha, Otto, Elba Ramalho, Chico César e Luiza Possi. É muito? É nada. É só o começo.

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