Os corredores da ala pediátrica do Hospital da Restauração (HR), bairro do Derby, Zona Central do Recife, tiveram na manhã desta segunda (20) um encontro colorido. Os Doutores da Alegria, uma organização sem fins lucrativos, comandaram o Bloco Miolinho Mole, para as crianças internadas no hospital. O bloco existe há 11 anos e tem por objetivo levar o Carnaval para os pequenos que não podem aproveitar a festa na rua.
Às 10h, os doutores já se preparavam para sacudir a rotina repetitiva de exames e medicamentos. Surgindo de uma das salas do quarto andar do HR, nove doutores fantasiados de palhaços começaram entoando a música “Superfantástico”, clássico da Turma do Balão Mágico, famosa banda infantil dos anos 1980. Chamavam por meio dos acordes e dos gritos de guerra as pessoas (principalmente as crianças) que aguardavam ansiosas o início dos festejos.
O coordenador artístico d’O Doutores da Alegria, Arilson Lopes, conta que o projeto está em Recife há 14 anos. Em seu segundo ano, os doutores resolveram criar o Bloco Miolo Mole, que saía às ruas da cidade para celebrar o trabalho feito pelos voluntários e também mostrar para as pessoas como a ONG atuava. Percebendo a adesão, os doutores pensaram que seria interessante também fazer um bloco voltado para os hospitais, para as crianças que, por estarem internadas, não podem ir à festa nas ruas. Assim, nasceu o Bloco Miolinho Mole. “Essa é uma ação em que todos os palhaços estão envolvidos, todos fantasiados. Nós somos artistas, atores e atrizes profissionais que desenvolvem a linguagem do palhaço para atuar em hospital. É uma pesquisa, uma investigação para o trabalho continuado”, explica.
Para Conceição Ferreira, mãe de Isaac, 8 anos, que está internado há 9 dias depois de levar uma pedrada na cabeça quando estava dentro de um ônibus, a vinda dos artistas traz não somente divertimento para as crianças, mas também influencia diretamente na melhora de saúde deles. “Eles esquecem a dor um pouquinho, esquecem que precisam fazer curativo, tomar injeção. Muita alegria e felicidade traz melhoras para a vida deles, com certeza”, diz. Ela conta que quando o filho percebe que os doutores estão chegando, corre para tomar banho e acompanhar o passeio pelas salas do hospital. “Isaac está muito alegre, numa euforia só”, comemora. A médica pediátrica do HR, Adriana Guerra, concorda com o efeito positivo da ida dos doutores, mais ainda durante a passagem do bloco. “O trabalho deles faz parte da nossa rotina. É terapéutico, como um tratamento mesmo. As crianças esperam ansiosamente os dias que eles vêm. Os nossos pacientes têm um perfil de tratamentos mais prolongados, então eles já fazem parte da festa que trazem para a gente. Percebemos claramente a resposta das crianças”.
Durante a festa, o Miolinho Mole ainda promoveu o Concurso Garota Compressa, com as enfermeiras do hospital. Elas tinham que dançar ao som da música de mesmo nome do concurso e serem escolhidas pelas crianças que acompanhavam o bloco. Depois, visitaram alguns leitos dos pequenos que não podiam sair da cama para seguirem os festejos. A folia terminou por volta das 12h.
O Bloco Miolinho Mole apenas iniciou a espalhar alegria nos hospitais da capital pernambucana.
Confira a programação, começa sempre às 10h:
21/02 (Terça) - Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), bairro da Boa Vista
22/02 (Quarta) - Hospital Barão de Lucena, na Iputinga
23/02 (Quinta) - Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e no Procape, ambos em Santo Amaro