Não é toda criatura do sexo masculino que tem a proeza de chegar aos 88 anos de idade arrancando suspiros da mulherada. E antes que vocês me acusem de preconceito, ou de estar puxando a brasa para minha sardinha, vou logo revelar a identidade do sujeito: O Homem da Meia Noite. Sim, ele mesmo, o famoso calunga do Carnaval de Olinda. Quem já viu um desfile do gigante sabe exatamente do que estou falando. Elegante em seus quase quatro metros de altura, ele tem um encantamento que nenhum outro tem.
A bem da verdade, o Homem da Meia Noite fascina a todos, sem distinção. Para as mulheres, ele é um sedutor irresistível, cercado de mistérios. “Nunca vi um homem com tanta mulher e nenhuma ter ciúme”, brinca Ana Maria de Luna, 71 anos, fã assumida do calunga. Para os homens, ele é a identidade da festa. “Se a pessoa mora aqui e não viu a saída do Homem da Meia Noite, não houve Carnaval”, resume Alberto Batista, 52, filho de João Marcelino Batista, que fazia as alegorias da agremiação, sediada no Sítio Histórico.
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Vamos, então, contar a história desse ser mágico, místico, enigmático e indecifrável. Para começar, ele tem duas possíveis datas de nascimento, 7 de janeiro ou 2 de fevereiro de 1932, e várias versões para explicar sua origem. O Clube de Alegoria e Crítica O Homem da Meia Noite, quase todo mundo sabe, foi criado a partir de uma dissidência política de seis integrantes da Troça Cariri. Mas por que o desfile à meia-noite?
“Uns dizem que a escolha da meia-noite do Sábado de Zé Pereira era para o clube sair antes de Cariri, havia muita rivalidade na época”, explica Luiz Adolpho Alves da Silva, presidente da agremiação carnavalesca há 17 anos. “Outros dizem que meia-noite é um horário carregado de mistérios para o povo brasileiro, é a hora do medo, do lobisomem, por isso o clube sai a essa hora”, acrescenta. Seja lá o que for, a brincadeira deu mais do que certo.