Criada em 1870, na França, a bicicleta é considerada o meio de transporte do futuro. Tornou-se popular em todo o mundo por ser um meio leve, barato e sustentável, além de ser recomendado para fazer atividades esportivas. Hoje, 15 de abril, é uma das datas em que se comemora o Dia Mundial do Ciclista. No Recife, além de adotar a bicicleta como transporte, milhares de pessoas a utilizam como um meio de trabalho e também como lazer. Para lembrar deste dia, cinco recifenses deram seus depoimentos ao JC Trânsito, contando suas experiências e desafios como ciclistas na cidade. Segurança e a falta de ciclofaixas na capital são as principais reclamações, mas o amor pela bicicleta sobrevive em meio a esses desafios.
Andar de bicicleta sempre foi um prazer para mim. Primeiro, porque me traz várias lembranças afetivas da minha infância e adolescência, pois me lembro de meu pai tentando me ensinar a pedalar e dos diversos passeios de bicicleta que fazíamos em família. Desde então, sempre apoiei a bicicleta como um meio de transporte urbano, mas só há um ano consegui usá-la diariamente para me locomover para o trabalho, faculdade e outros lugares. Logo senti as mudanças: ganhei rapidez nos trajetos, fiquei mais disposta e ativa. Também consegui economizar o dinheiro da passagem de ônibus, o que fez muita diferença no meu bolso.
Infelizmente, a estrutura do Recife ainda é precária para o ciclista. Há poucas ciclofaixas, não existe o respeito dos motoristas de carros e ônibus. Não queremos esse espaço apenas nos domingos, para lazer e turismo, e sim para uma locomoção diária e segura. Apesar dos desafios, continuo apostando na bicicleta para melhorar a mobilidade da cidade, diminuir o estresse no trânsito e, com certeza, ganhar mais saúde.
- Paula Mascarenhas, 30 anos, Professora.
Eu decidi virar cicloativista em Abril de 2014 depois de ter minha vida acadêmica prejudicada pelo trânsito de Recife. Eu levava de 1 hora e 30 minutos até 2 horas da Av. Visconde de Suassuna (onde eu fazia um curso no SENAC) até a UFRPE. Chegava atrasado todos e assistia as aulas com fome por não ter tempo pra jantar no Restaurante Universitário. Com a bicicleta, o trajeto diminuiu pela metade e eu tinha tempo pra jantar, descansar e até estudar. Nessa época, juntando as distâncias da minha casa para o trabalho, do trabalho pro SENAC, do SENAC pra UFRPE e da UFPRE pra casa, meu trajeto diário variava de 35 a 50 km. Não haveria condições de conciliar tudo não se fosse a bicicleta.
O principal desafio que enfreno todos os dias no Recife é a falta de educação. Muitos podem reclamar da falta de infraestrutura para o ciclista, mas nada justifica a falta de empatia dos motoristas daqui. Todo dia eu sofro pelo menos 3 ‘’finos’’ que num dia de azar podem custar minha vida. Ciclofaixas são importantes, mas acho que educação e respeito a vida próximo são muito mais.
- Diego Pereira, 24 anos, Autônomo.
Eu comecei a pedalar ainda criança, apesar de ser o primo mais velho da família eu fui o último a aprender (devia ter uns 11 anos), comecei porque a bicicleta era um meio de transporte altamente usado por toda a minha família, desde os mais velhos até a geração mais nova. Atualmente eu uso a bicicleta para ir a UFPE e para o meu estágio, Na Conab, Órgão Governamental que fica próximo ao Detran, então recorro à bicicleta por ser muito mais prático chegar nesses locais do que pegando um ônibus, por exemplo. As ruas que percorro para chegar no meu estágio são relativamente mais tranquilas e duas delas até possuem ciclofaixa (rua Antônio Curado e rua Gaspar Perez).
Mesmo sendo tranquilas, não é difícil encontrar veículos estacionados nessas ciclofaixas, o que me obriga muitas vezes a dividir a pista com os carros. Além da falta de respeito e bom senso dos motoristas, a outra principal dificuldade de ser ciclista em Recife é justamente a falta de ciclofaixas em avenidas movimentadas, como a Caxangá, que eu evito a todo custo percorrer sempre buscando vias alternativas.
- Elton Ramon, 24 anos, Estudante de Jornalismo.
Eu pedalo desde os oito anos de idade pela rua, sempre de forma mais lúdica do que qualquer outra coisa. Mas, desde 2009 eu comecei a usar a bicicleta todos os dias para locomoção, sempre ia pra casa dos amigos e coisa do tipo. Em 2013, quando comecei a trabalhar como professor de inglês, acabei adotando a bicicleta como principal meio de locomoção, alternando com o ônibus, em dias de chuvas pesadas.
Foi em 2014 que levei a coisa mais a sério: depois de entrar em contato com o cicloativismo (Massa Crítica/Bicicletada e a própria AMECiclo), comecei a adentrar discussões sobre o uso da bicicleta como meio de vida e em 2015 entrei para uma empresa de cicloentregas. Desde então, meu trabalho de courier /cicloentregador vem sendo valorizado a partir do momento que a gente consegue percorrer grandes distâncias em tempo recorde, para os parâmetros da vida em Recife. Sobrevivendo a péssima educação dos motoristas e motoqueiros, a gente vai levando documentos, presentes e até comida a quem acredita que a bicicleta é o veículo do futuro.
- André Couto, 27 anos, Courier (Cicloentregador)
Desde criança ando de bike, hoje eu tenho 53 anos. Voltei a usar a bicicleta com frequência em 2014. Sou educadora física e amo fazer atividades físicas, uma delas é pedalar. Acho que é bom para o meu corpo e minha alma fica em paz.
Sinto uma grande energia quando pedalo, por isso costumo pedalar de 34 a 50 km por dia. Faço por prazer. Nas minhas pedaladas sempre conheço novas paisagens e novas pessoas, para mim isso é tudo de bom. Amo pedalar na Via Mangue, mas a segurança é algo que eu sinto falta na via.
Já pedalei daqui do Recife para lugares como Itamaracá, no Litoral Norte, e, Porto de Galinhas e Praia de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco
- Fátima Padilha, 53 anos, Educadora Física.