Caxangá: linhas que sofreram mudanças têm queda de demandas e paradas improvisadas

Com obras para a Copa do Mundo de 2014 ainda inacabadas, passageiros têm que lidar com o improviso de paradas e superlotação de coletivos
Bruno Vinicius
Publicado em 15/01/2018 às 15:15
Foto: Foto: Ashlley Melo/JC Imagem


Quatro anos após a Copa do Mundo de 2014, as obras de mobilidade da Avenida Caxangá, na Zona Oeste do Recife, ainda não estariam prontas se a edição deste ano acontecesse no Brasil. O corredor Leste-Oeste, por exemplo, que vai até Camaragibe, não ficou como nos planos. Mesmo sem a finalização das obras, há um ano o Grande Recife Consórcio de Transporte decidiu retirar oito linhas de ônibus que faziam o trajeto da via até o Centro da cidade. Quase um ano após a mudança, passageiros reclamam da demora dos coletivos e do desconforto das paradas improvisadas. A insatisfação atingiu a demanda das linhas, que chegou a 84% no decréscimo de usuários.

Com os terminais das III e IV Perimetrais inacabados, o GRCT improvisou paradas disponíveis em quatro pontos da Avenida Caxangá para as linhas 2416 - Roda de Fogo/EBRT Parque do Cordeiro, 2415 - Sítio das Palmeiras/EBRT Getúlio Vargas, 2433 - Brasilit/EBRT, BR-101, 2425 - Barbalho (Detran)/EBRT BR-101, 2413 - Avenida do Forte/EBRT Getúlio Vargas, 2421 - Torrões/EBRT Parque do Cordeiro, 2423 - Engenho do Meio/EBRT Caiara e 2422 - Monsenhor Fabrício/EBRT. Elas ficam próximas às estações de BRT, com as quais os passageiros devem fazer integração temporal. A medida não agradou aos usuários, que se sentem desprotegidos com o improviso.

No período de mudança dos itinerários, os usuários acabaram migrando para outras opções, provocando uma queda na demanda de todas as linhas. As mais afetadas foram a 2415 - Sítio das Palmeiras/EBRT Getúlio Vargas, 2423 - Engenho do Meio/EBRT Caiara,  2433 - Brasilit/EBRT, com redução de 84,5%, 76% e 72%, respectivamente, entre janeiro e dezembro de 2017. Já as linhas  2416 - Roda de Fogo/EBRT Parque do Cordeiro, 2425 - Barbalho (Detran)/EBRT BR-101, 2413 - Avenida do Forte/EBRT Getúlio Vargas, 2422 - Monsenhor Fabrício/EBRT,  2421 - Torrões/EBRT Parque do Cordeiro sofreram menor impacto e tiveram um decréscimo respectivos a 18%, 49%, 66%, 39% e 48,5%.

Em agosto do ano passado, o JC Trânsito  fez uma reportagem sobre os coletivos que sofreram com essa redução de usuários. Na época, ônibus da Avenida do Forte, Sítio das Palmeiras, Torrões e Brasilit passaram a circular com micro-ônibus, porque havia uma baixa quantidade de passageiros. Segundo o próprio GRCT, houve uma migração de pessoas para o corredor Leste-Oeste do BRT, no qual há uma circulação de 2.485.300 milhões de usuários mensais. Pelo que a reportagem apurou, na época, os passageiros fizeram essa migração, porque o esquema de integração temporal não estava sendo vantajoso em relação ao tempo das viagens realizadas.

 

 

Reclamações

A estudante Gabriela Arruda, de 19 anos, acompanhou todo o processo de construção do Terminal da IV Perimetral da Caxangá, no bairro da Várzea. Em frente ao equipamento, fica a parada temporária da linha 2433 - Brasilit/EBRT BR-101. "Eu vi isso aqui quando ainda estava no colégio, que ficava ao lado. Eu espero que fique pronto, porque com os ônibus aqui ainda saímos com um pouco de conforto", conta a estudante, que também reclama da superlotação do BRT após a alteração.

Do outro lado da Avenida, outra linha que deveria fazer integração com a IV Perimetral, a 2425 - Barbalho (Detran)/EBRT BR-101. Os passageiros sentiram grande diferença com a alteração, pois o itinerário dos ônibus faziam percurso por importantes vias, como a Avenida Agamenon Magalhães e a Rua do Príncipe, na área Central. "Ficou muito pior, né? Hoje eu levo mais tempo, cerca de uma hora, e ainda pago duas passagens", conta a doméstica Conceição Alves da Silva, de 52 anos, enquanto esperava o coletivo na parada improvisada, sem proteção de sol ou chuva.

Moradora da comunidade do Detran, no bairro da Iputinga, a cuidadora Érica Conceição Bráz, de 33 anos, utiliza a 2422 - Monsenhor Fabrício/EBRT e também afirma que não gostou da alteração. "Quando a gente ia diretamente para o Centro era melhor. Antes a gente levava meia hora, quarenta minutos.", explica. Mas ela cita que há vantagens em utilizar o BRT. "Mesmo lotado, a gente mal sente, porque ele chega bem rápido", conta.

Já para o aposentado José Batista, de 58 anos, a medida foi positiva. Ele é morador do Engenho do Meio e usa o ônibus que liga o bairro à estação Caiara. "Antes eu levava mais tempo para me deslocar e o intervalo entre os ônibus diminuiu. Hoje levo 40 minutos entre a minha casa e a cidade". De acordo com ele, o BRT é uma outra vantagem. "O BRT é bem ágil e dá mais conforto que o ônibus comum", comenta José.

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