atualizada às 9h
Em clima de protesto, a nova tarifa do metrô do Recife entra em vigor hoje (11). Conforme decidido em março pelo conselho administrativo da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), quem chegar às bilheterias a partir desta sexta-feira encontrará a passagem sendo vendida a R$ 3. Antes, o valor do bilhete era de R$ 1,60. Um ato contra o reajuste, organizado pela Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco (FLTP) e pelo Sindicato dos Metroviários (Sindmetro), estava marcado para as 9h, na Estação Central do Recife, bairro de São José, mas ainda não começou.
O aumento de 87,5% na capital pernambucana acontece seis anos após o último reajuste. Além do Recife, o transporte fica mais caro em Belo Horizonte, Natal, João Pessoa e Maceió. Nas três últimas capitais, as tarifas estavam congeladas há 15 anos. Já Belo Horizonte não tinha aumento da passagem do metrô desde 2006. Parlamentares chegaram a propor aumento escalonado durante um período de até cinco anos, mas, até a tarde de ontem, o assunto ainda não havia sido levado ao conselho.
Com o incremento, a CBTU espera aumentar a arrecadação de R$ 60 milhões para R$ 110 milhões por ano. “Do antigo valor, nós só recebíamos R$ 0,60, porque a maior parte dos passageiros acessam o metrô através dos ônibus nos terminais integrados. Agora, vamos ficar com R$ 1,20”, explicou o superintendente do metrô do Recife, Leonardo Villar Beltrão. Somente para se manter em funcionamento, o metrô precisa de mais de R$ 100 milhões anuais. Quando somada a folha de pagamento os gastos chegam a R$ 300 milhões.
Com a despesa até cinco vezes maior do que a arrecadação, o metrô depende de subsídios do governo federal, que sofrem ameaças de corte todos os anos. Em março, o metrô quase teve 80% da operação reduzida por falta de recursos. Isso só não aconteceu porque a União garantiu a recomposição do orçamento de custeio do sistema, cortado em 43% este ano. A expectativa da CBTU é de que o incremento na arrecadação facilite a obtenção de recursos junto aos ministérios das Cidades e do Planejamento.
Quem depende do serviço, critica o aumento de quase 90%. “É absurdo. Não temos comodidade nem segurança. Tudo é péssimo. As escadas rolantes estão sempre quebradas, assim como os ar condicionados dos trens. Não acho que a estrutura vá melhorar”, criticou a manicure Solange Tavares, 44 anos.
A opinião é compartilhada pelo diretor de comunicação do Sindmetro, Levi Arruda. “Não temos garantia de melhorias para o sistema, para o usuário e para as condições de trabalho. Os efeitos deste aumento só serão sentidos em 2019.”
Para o sindicato e a FLTP, o aumento da passagem é uma estratégia para a privatização do sistema. Por isso, as organizações vão às ruas hoje. Além disso, a Frente de Luta entrará com ação na Justiça Federal para tentar barrar o aumento.