Ter uma boa calçada é possível no Recife

Com ajuda de técnicos, JC mapeou passeios públicos do Recife em bom estado, que devem servir de exemplo para a cidade
Ciara Carvalho
Publicado em 04/05/2012 às 8:54
Com ajuda de técnicos, JC mapeou passeios públicos do Recife em bom estado, que devem servir de exemplo para a cidade Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Pesquisa divulgada na semana passada colocou o Recife na indesejada posição de quarta capital com as piores calçadas do Brasil. Mas os exemplos, ainda que incomuns, mostram que é possível, sim, melhorar a qualidade das vias de passeio da cidade. O principal passo para vencer esse desafio é a informação. Muitas vezes, por desconhecimento, o que poderia ser considerado um avanço, como a inclusão de rampas e pista tátil na calçada, foge às especificações corretas. E o que deveria facilitar termina atrapalhando. Com a ajuda de técnicos da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) da Prefeitura do Recife, o JC mapeou algumas vias que podem ser consideradas de boa qualidade, permitindo a mobilidade a pé sem maiores atropelos.

Diante das dificuldades históricas das calçadas do Recife, uma das apostas do poder público é garantir, justamente, que as novas construções já sejam feitas dentro dos padrões de acessibilidade exigidos. "Desde 2006, qualquer empreendimento para ser aprovado precisa apresentar um projeto de calçada que esteja de acordo com as normas técnicas estabelecidas por lei", explica a assessora-executiva da Secretaria de Controle Urbano da capital, Glória Brandão.

Um passeio pela cidade mostra que se adequar às regras nem sempre é tarefa fácil. Obstáculos como árvores e postes de iluminação pública estão espalhados por toda a parte. "Acessibilidade tem que ser uma rota. É preciso ter continuidade", diz Sondja Beirão, assessora-técnica da CPA. A estudante Leandra Cristina da Silva, 29 anos, vivencia no dia a dia as palavras da assessora. Cadeirante, ela enfrenta problemas de descontinuidade o tempo inteiro. "A Avenida Conde da Boa Vista, por exemplo, é boa para o deslocamento, mas as ruas transversais são muito complicadas", diz.

O deficiente visual André Damião da Silva, 33, também sofre com os altos e baixos das calçadas. "São poucas as ruas que têm piso tátil. Mas já houve uma evolução", anima-se, apesar de reconhecer a dificuldade que é andar nas ruas do Recife. Com a autoridade de quem mais sente os efeitos da má qualidade das calçadas, os dois dão um importante recado para gestores públicos e para a iniciativa privada. "Nada para nós, sem nós", diz Leandra, lembrando que é fundamental ouvir os deficientes físicos e visuais na hora de adequar as calçadas às normas de acessibilidade.

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