Atualizada às 13H09
Manifestantes que estavam do lado de fora dos galpões do Cais José Estelita foram alvo de balas de borrachas e bombas de gás lacrimogêneo, lançadas pelo Batalhão de Choque, após um grupo tentar impedir a entrada de um caminhão no local. Na manhã desta terça-feira (17), a polícia cumpriu um mandado de reintegração de posse do terreno, resultando em quatro detenções e pelo menos três pessoas feridas. O consórcio informou que a movimentação de máquinas no local é para que seja construído um muro que isolará a área. A Prefeitura do Recife afirma que a licença de demolição permanece em vigor.
Após a desocupação, ativistas se reuniram em uma praça próximo ao Viaduto Capitão Temudo quando pedreiros passaram do outro lado da via em direção ao terreno. O grupo seguiu gritando em direção aos profissionais e, no momento, um caminhã estava entrando nos galpões. Os ativistas retornaram e começaram a jogar alguns materiais para impedir a ação.
Os policiais, então, começaram a jogar bombas de efeito moral e atirar balas de borracha. Por causa do gás das bombas, um dos ativistas passou mal e ficou deitado no chão. Um grupo se aglomerou para tentar ajudar. Mesmo assim, a polícia continuou jogando bombas contra os manifestantes.
INSTITUIÇÕES SE MANIFESTAM CONTRA REINTEGRAÇÃO
O Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF) divulgou uma nota de repúdio ao ato de reintegração de posse no Cais José Estelita. Segundo o órgão, a ação foi realizada maneira ''arbitrária'' sem o conhecimento prévio do MPF. A nota ainda questiona a maneira pela qual o ato foi executado. Confira na íntegra.
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também emitiu uma nota repudiando a ação da Polícia Militar. Segundo a instituição o uso da força policial ''desrespeita frontalmente o acordo envolvendo diversas instituições, a Prefeitura do Recife e os empreendedores''.
CONFIRA A NOTA DA UFPE NA ÍNTEGRA
A Universidade Federal de Pernambuco, diante do uso da força policial contra os manifestantes do Cais José Estelita, expressa sua estranheza e indignação pelo ocorrido, que desrespeita frontalmente o acordo envolvendo diversas instituições, a Prefeitura do Recife e os empreendedores.
Desta forma, a UFPE registra sua preocupação quanto ao futuro das negociações iniciadas, que tinham como objetivo a defesa de uma cidade melhor, mais humana e mais inclusiva.
NOTA DO CONSÓRCIO
O Consórcio Novo Recife também divulgou uma nota afirmando que a ação de reintegração a ilegalidade da ocupação foi reconhecida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) que determinou a desocupação imediata do local. Ainda segundo o consórcio, '' O não acatamento pelos ocupantes da ordem judicial resultou na determinação de uso da força policial para o cumprimento do mandato de reintegração expedido pelo TJPE''.
CONFIRA A NOTA
Em razão dos acontecimentos decorrentes da ação de reintegração de posse promovida pela Polícia Militar de Pernambuco visando à desocupação do imóvel de propriedade do CONSÓRCIO NOVO RECIFE, localizado na Avenida José Estelita, temos a informar:
1) A ilegalidade da ocupação ocorrida no dia 21 de maio foi reconhecida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, ao determinar a imediata desocupação do referido imóvel. O não acatamento pelos ocupantes da ordem judicial resultou na determinação de uso da força policial para o cumprimento do mandato de reintegração expedido pelo Tribunal de Justiça.
2) Esse procedimento é inerente ao estado democrático, onde o direito de propriedade deve ser protegido.
3) O CONSÓRCIO NOVO RECIFE, através de notas publicadas nos três jornais de maior circulação do estado, em várias edições, assim como também divulgadas nas redes sociais, apontou como melhor caminho a favor do entendimento e do diálogo, a desocupação ordeira e pacífica do terreno.
4) O CONSÓRCIO registra também que durante todo o período de tramitação do processo de aprovação do Projeto NOVO RECIFE, sempre manteve uma postura de acatamento das recomendações nas várias instâncias técnicas – municipais, estaduais e federais.
5) O CONSÓRCIO, que sempre esteve aberto ao diálogo, adere à “Proposta de Procedimentos” da Prefeitura do Recife, contemplando uma agenda de trabalho voltada para a discussão do Projeto, que desde o seu início, sempreobjetivou a melhor solução para a nossa cidade.
Assim, é com a crença de que a serenidade nos levará ao encontro do entendimento que sempre buscamos, pelo Recife.