O Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Caruaru, no Agreste pernambucano, onde internos promoveram uma rebelião na noite de domingo (19), será vistoriado nesta terça-feira (21) pela Funase. Depois do tumulto já foi encontrada, no local, uma arma artesanal pontiaguda, conhecida como chuço. Não se sabe, ainda, se é a mesma arma que provocou ferimentos em um dos jovens, durante o motim. Outros dois adolescentes morreram carbonizados.
De acordo com a Funase, o rapaz ferido tem 17 anos e cumpre medida socioeducativa por assalto. Com perfurações no corpo, ele passou por cirurgia no Hospital Regional do Agreste, na madrugada de ontem, não corre risco de morte e foi transferido da sala de recuperação para a enfermaria. Esta é a primeira rebelião registrada no Case de Caruaru, em 2015, e a Funase não sabe o motivo da revolta.
A confusão começou quando socioeducandos atearam fogo em colchões dentro do Case, no bairro Boa Vista II. Bombeiros foram acionados e apagaram as chamas. O corpo dos dois rapazes mortos, um de 16 e outro de 19 anos, chegou ao Instituto de Medicina Legal do Recife, na área central da capital, sem identificação. Parentes estiveram no IML, na tarde de segunda-feira (20), para fazer o reconhecimento e liberação para o sepultamento.
Um dos mortos respondia por assalto e o outro por tentativa de homicídio, informa a Funase. A instituição ofereceu aos parentes assistência para o traslado do corpo e auxílio para os funerais A vítima mais velha, apesar de ter 19 anos, estava no Case porque quando foi sentenciada tinha menos de 18 anos e a medida socioeducativa deve ser cumprida na unidade.
Segunda-feira (20), a situação estava controlada no Case. A Corregedoria da Funase iniciou sindicância interna para averiguar as razões do motim, num trabalho paralelo às investigações da Polícia Civil. Segundo o delegado Márcio Cruz, à frente das investigações, 30 jovens estariam envolvidos na rebelião. “Como eles encontram-se sob custódia do Estado, preciso de autorização para ouvir o depoimento de cada um deles. Vou providenciar”, afirma o delegado.
A unidade de Caruaru tem capacidade para acolher cem socioeducandos. Até a segunda-feira (20), havia 175 adolescentes internados. Em 31 de março último houve um princípio de tumulto no local, numa aula no período da tarde. Dos 13 rapazes associados à briga, três eram maiores de 18 anos e foram encaminhados à Polícia Civil. Os internos também organizaram rebeliões em 2014 (um morto), 2013 (dois mortos) e 2012 (sem mortos).