Nas primeiras horas da madrugada do dia 11 de abril deste ano, o celular tocou na casa simples da doméstica Maria Sebastiana da Silva. A ligação trazia a pior notícia: o jovem Edvaldo da Silva Alves, 21 anos, seu filho, acabara de falecer. Havia 26 dias que o rapaz estava internado no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, vítima de uma bala de borracha, disparada por um policial militar durante protesto na cidade de Itambé, na Zona da Mata do Estado. Edvaldo foi atingido por um tiro na perna dado à queima-roupa. Já sangrando, foi arrastado e agredido pelo mesmo oficial que ordenou o disparo. Nesta quinta-feira (11), completa um mês da morte do jovem músico, sem que o inquérito policial, que investiga o crime, tenha sido concluído nem os três PMs envolvidos no caso, punidos.
Está marcada, para esta quinta, a reunião decisiva que vai definir o valor da indenização que o Estado deverá pagar à família de Edvaldo. O encontro acontecerá entre o procurador-geral do Estado, César Caúla, e o advogado que representa os parentes do jovem, Ronaldo Jordão. A família já apresentou uma proposta, mas ainda não recebeu uma resposta oficial.
“Nossa expectativa é que, nesta reunião, o governo do Estado cumpra o que prometeu na imprensa e defina a questão do pagamento da indenização, de forma administrativa, sem precisar de judicialização”, afirmou Ronaldo Jordão. Como os valores ainda estão em negociação, a família ainda não entrou com uma ação na Justiça. “Acreditamos que amanhã isso será definido”, disse o advogado.
No próximo sábado, a cidade de Itambé fará um ato para exigir a punição dos policiais responsáveis pela morte de Edvaldo. O irmão do jovem, José Roberto da Silva, pediu que todos os moradores vestissem branco em homenagem a Edvaldo. A passeata sairá do centro em direção à praça do Skate, esporte que o jovem costumava praticar.
Outro grande evento está sendo organizado, dessa vez para o dia 24 deste mês, quando Evaldo completaria 22 anos. “Skatistas de cidades de Pernambuco e da Paraíba vão participar dessa homenagem a ele”, conta o advogado.
O jovem foi baleado no dia 17 de março, durante um protesto em que os moradores exigiam mais segurança. A violência policial foi gravada e o vídeo viralizou nas redes sociais, causando revolta e grande comoção.