Imóveis abandonados prejudicam combate à dengue

Para resolver esse e outros problemas, prefeitura faz reunião com a sociedade nesta quinta
Do JC Online
Publicado em 26/02/2015 às 5:53
Para resolver esse e outros problemas, prefeitura faz reunião com a sociedade nesta quinta Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


A Prefeitura do Recife promove às 9h desta quinta-feira (26/02), no auditório do 15º andar, do edifício sede, reunião de mobilização com a sociedade, para ampliar o combate à dengue. Convocou sindicatos da construção civil, condomínios e outros segmentos para uma parceria urgente, na tentativa de barrar o avanço da doença. Vai apresentar um mapa da epidemia e novas medidas.

O combate, que já é difícil em razão do racionamento d’água e da mudança de hábito exigida da população, ainda enfrenta outro obstáculo: de cada 100 imóveis, cerca de 30 deixam de ser visitados e tratados pelos agentes de saúde ambiental em razão da recusa dos moradores, por estarem fechados ou abandonados. 

Em dois meses, quase mil casos suspeitos foram registrados e mais de 130 confirmados, representando um aumento de 140% na quantidade de doentes em relação ao mesmo período de 2014.

“Vamos ter que apelar a medidas judiciais para abrir imóveis fechados”, adianta Jurandir Almeida, gerente da Vigilância Ambiental do Recife. A princípio, segundo ele, a estratégia começa com a consulta ao cadastro de imóveis para descobrir o nome do proprietário, que depois é notificado por carta. Se não atender pela segunda vez, tenta-se o chamamento pelo Diário Oficial. Vencida a tentativa, o último recurso é recorrer à Justiça e, a partir daí, acionar a Polícia Militar e um chaveiro para ter acesso ao território privado.

Segundo agentes de saúde, os bairros de classe média alta são os mais problemáticos em razão de mansões fechadas e da dificuldade de acesso aos condomínios. Imóveis tombados pelo patrimônio histórico, no Centro, também têm seu grau de dificuldade. A Zona Norte, a mais atingida pela nova epidemia de dengue, está cercada por prédios em ruínas ou abandonados, que servem de moradia improvisada ou se transformam em depósito de lixo.

“Há mais de ano essas três casas estão abandonadas, uma delas cheia de entulho, que acumula água da chuva e, possivelmente, larva da dengue. Minha colega acabou de pegar a doença e tenho medo de adoecer também”, contou Irany Abreu, que trabalha na Tamarineira. Os imóveis a que se refere, no bairro, ficam entre a Avenida Norte e a Rua Silveira Lira.

Na Estrada de Belém, entre a Encruzilhada e Campo Grande, um só quarteirão, entre as Ruas Larga do Feitosa e Fonseca Oliveira, guarda um conjunto de imóveis fechados e abandonados que preocupa os vizinhos. 

Além de atraírem usuários de droga, os terrenos estão sujos, com entulhos, escombros ou estruturas descobertas que podem ser focos do mosquito. Num deles, onde funcionou uma indústria alimentícia, o problema perdura há quase uma década, segundo a vizinhança. 

"A prefeitura precisa intensificar a fiscalização e cobrar dos responsáveis, para que tomem conta dos seus pertences. A vizinhança não pode pagar pelos erros dos outros”, diz o comerciante Emanoel Chá, do Hipódromo, na Zona Norte do Recife.

O gerente da Vigilância Ambiental do Recife, Jurandir Almeida, lembra aos moradores desconfiados que é possível confirmar se o agente de saúde que aparece na porta do domicílio é mesmo dos quadros da prefeitura. Basta ligar para 0800-2811520 antes de abrir a porta. “É fundamental a participação popular, comunicando adoecimentos para que posamos direcionar o combate, facilitando as inspeções e eliminando focos”, lembra.

 

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