Microcefalia: diretor do Ministério da Saúde aconselha que mulheres de Pernambuco não engravidem

"Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado", disse ele
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 12/11/2015 às 20:51
Foto: Foto: Edmar Melo/JC Imagem


O diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, aconselhou mulheres de Pernambuco a adiarem os planos de gravidez até que haja maior clareza sobre as causas do aumento de casos de bebês com microcefalia no Estado. "Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado", disse ele. 

Até o momento, foram identificados 141 casos da malformação no Estado, a maior parte dos casos concentrada a partir de agosto em 55 cidades. O indicador é 15 vezes superior à média registrada entre 2010 e 2014, de 9 casos por ano. Diante do problema, considerado grave, o Ministério da Saúde decretou nesta quarta-feira, 11, estado de emergência sanitária nacional

Além de Pernambuco, outros Estados começam a relatar aumento expressivo de casos. O superintendente da Maternidade Nossa Senhora de Lurdes, de Aracaju, informou que 49 casos foram identificados no Estado nos meses de setembro e outubro. O problema foi identificado na capital e em outras três cidades: Itabaiana, Estância e Lagarto. No Rio Grande do Norte, de acordo com informações da Secretaria de Saúde ao Instituto de Medicina Tropical, foram 22 casos. A maioria dos casos, também registrada a partir de agosto. 

"Nesse momento, não temos como afirmar se o aumento tem como causa algum vírus transmitido por vetores ou algum outro fator", disse Maierovitch. Ele avalia, no entanto, que dentro de um curto espaço de tempo, com o caminhar das investigações, haverá condições para se ter pistas mais claras sobre as causas do problema. 

O professor da Universidade Federal de Pernambuco e um dos primeiros profissionais a identificar o avanço dos nascimentos de microcefalia no Estado, Carlos Brito tem a mesma avaliação de Maierovitch e sugere que mulheres adiem em alguns meses os planos de gravidez em Pernambuco, onde a situação é mais grave. "É mais prudente esperar alguns meses. Somente para se ter mais segurança sobre o que de fato está ocorrendo", disse.

Para gestantes, Maierovitch avalia ser preciso a adoção dos cuidados básicos: não usar medicamentos sem conhecimento do médico e evitar a exposição a mosquitos. "Em casa, ficar de portas fechadas, colocar telas nas janelas e usar repelentes", disse. O uso de mosquiteiros, um recurso bastante usado para evitar malária, não é considerado eficaz nestes casos.

No Rio Grande do Norte, o indicador de crianças nascidas com microcefalia é 11 vezes maior do que o registrado em 2012. Os nascimentos ocorreram em Natal, Mossoró, Macaíba e Currais Novos A Universidade Federal do Rio Grande do Norte está organizando uma rede de referência para assistência a esses bebês. "Eles necessitam de uma atenção especializada. São pouquíssimos os profissionais com treinamento no momento para cuidar dessas crianças", afirmou o professor do Instituto de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte, Kleber Luz.

De acordo com ele, testes feitos até agora nos bebês e mães não identificaram a ocorrência de infecções que geralmente levam a esse tipo de malformação: toxoplasmose, citomegalovírus, herpes e sífilis.

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Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais do Hospital Universitário Oswaldo Cruz - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O hospital, que fica no bairro de Santo Amaro, tem recebido os casos de microcefalia - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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A microcefalia é uma anomalia caracterizada pela diminuição do tamanho da cabeça dos recém-nascidos. - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Número médio de casos era de nove por ano em Pernambuco - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Somente nos últimos meses, foram diagnosticados 141 casos no Estado - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Assustados, pais seguram os filhos enquanto aguardam pela consulta - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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A maioria dos pais se sente insegura com relação ao futuro dessas criaças - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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A microcefalia normalmente é associada a sequelas no desenvolvimento da criança - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Nesta quinta (12) foram registrados dez atendimentos, de crianças com a condição - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Os médicos ainda não têm certeza do que está provocando o aumento no número de casos - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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A cabeleireira Silvana Nascimento concordou falar da condição de seu neto, que nasceu há quatro dias - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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"Viemos para saber como será o tratamento. Agora é luta, é entregar nas mãos de Deus", diz Silvana - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Mas a maioria dos pais prefere o anonimato - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Os efeitos da microcefalia variam de caso a caso, mas geralmente são nas áreas cognitiva e motora - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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As crianças vão precisar de acompanhamento multidisciplinar, com fonoaudiólogo e fisioterapeuta - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Movimento no ambulatório do HUOC aumentou com as notificações de microcefalia - Foto: Edmar Melo/JC Imagem

Cerca de 80% das mães relataram ter apresentado, nos primeiros meses de gestação manchas, febres e coceiras - sintomas associados a zika. "Estamos avaliando todas as hipóteses. Vamos repetir exames e continuar buscando respostas", disse. Luz informou que há quatro anos o Estado teve um surto de toxoplasmose, mas que não foi seguido do aumento de casos de microcefalia.

A malformação, que pode levar a criança ao retardo mental, convulsões, problemas de audição, visão e motor, é considerada um evento raro na pediatria. 

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