Os mosquitos Culex quinquefasciatus (conhecido popularmente como muriçoca), que colocam seus ovos em criadouros poluídos, também transmitem o zika vírus. O anúnio foi feito, na tarde desta quinta-feira (21), durante coletiva de imprensa que apresentou resultados de uma pesquisa inédita realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A constatação sugere que o Aedes aegypti pode não ser o vetor exclusivo do zika.
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A presença do zika foi detectada na muriçoca coletada em Pernambuco. A coleta dos mosquitos foi feita com base nos endereços dos casos relatados de zika nas cidades do Recife e de Arcoverde, Sertão de Pernambuco, obtidos com a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE). O número total de mosquitos examinados na pesquisa foi de aproximadamente 500.
"A transmissão foi praticamente demonstrada porque o vírus sai na saliva e é liberado. A gente vê que ele está totalmente formado com a partícula viral pronta para infectar futuras células", explica a coordenadora do estudo, Constância Ayres, da Fiocruz Pernambuco. "Está comprovado que ele (o Culex quinquefasciatus) transmite (zika). Não se sabe ainda qual é a capacidade vetorial dele", complementa o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
Na capital pernambucana, a população do Culex quinquefasciatus é cerca de20 vezes maior do que a população de Aedes aegypti. Os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram a presença de Culex quinquefasciatus infectados naturalmente pelo vírus zika em três dos 80 pools de mosquitos analisados até o momento.
São necessários agora estudos adicionais para avaliar o potencial da participação do Culex na disseminação do vírus zika e seu real papel na epidemia. O estudo coordenado por Constância tem relevância, já que as medidas de controle de vetores são diferentes. Até os resultados de novas evidências, a política de controle da epidemia de zika continuará pautada pelas mesmas diretrizes, com foco central no controle do Aedes aegypti.