Médicos analisam, em Pernambuco, bebês que nasceram com a síndrome congênita do zika vírus e têm apresentado sobrepeso. “É uma minoria entre o universo das crianças com a mesma condição e que têm problemas para ganhar peso por causa da disfagia (dificuldade de deglutição com risco de broncoaspiração)”, diz a neuropediatra Vanessa Van Der Linden, uma das primeiras médicas que perceberam, a partir de julho de 2015, o aumento expressivo do número de bebês nascidos com microcefalia em Pernambuco.
Mesmo sendo poucos casos, ela chama a atenção para a necessidade de investigar o que leva um bebê com 1 ano, por exemplo, a ter 14 quilos. “Apesar de comerem na quantidade adequada para a idade (às vezes, até menos), estão acima do peso. Exames de tireoide apresentaram resultados normais. Encaminhei para endocrinologista e gastropediatra. Imagina-se que a alteração neurológica provocada pelo zika interfira na parte hormonal”, acrescenta Vanessa.
Dessa maneira, os bebês estariam acima do peso por terem um metabolismo mais lento. Ou seja, não conseguem gastar a energia de maneira adequada.
Se a hipótese for confirmada, essa nova complicação ampliaria o espectro da zika congênita e exigiria ações preventivas para frear (também nessa população) a obesidade, que é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.