Cientistas lançam jogo de realidade virtual para detectar o Alzheimer

Dois minutos do jogo equivalem a mesma quantidade de dados coletados em cinco horas de laboratório
AFP
Publicado em 29/08/2017 às 7:40
Dois minutos do jogo equivalem a mesma quantidade de dados coletados em cinco horas de laboratório Foto: Foto: Pixabay


O Sea Quest Hero parece um jogo eletrônico no qual os participantes enfrentam labirintos, tentam evitar tiros e fogem de monstros marinhos, mas na realidade é uma ferramenta para que os cientistas possam estudar o mal de Alzheimer.

O jogo, que pode ser baixado a partir desta terça-feira (29) em sua versão realidade virtual, pretende estimular o cérebro dos participantes com uma série de tarefas que exigem capacidade de memorização e de orientação para, ao mesmo tempo, coletar dados sobre os primeiros indícios da doença.

Um dos primeiros sintomas do Alzheimer é a perda do senso de orientação, mas existem poucos dados que comparem as capacidades cognitivas em diferentes idades, uma lacuna que o jogo pretende preencher. 

O jogo, catalogado como "o mais amplo estudo sobre a demência de toda a história", foi desenvolvido pela Deutsche Telekom, a organização beneficente britânica Alzheimer's Research UK e por pesquisadores do University College London e da Universidade de East Anglia.

Primeira versão

A versão para smartphones, lançada em 2016, já foi baixada três milhões de vezes em 193 países. 

Quando uma pessoa joga durante dois minutos, os cientistas conseguem coletar a mesma quantidade de dados que exigiram quase cinco horas em um laboratório. 

"Isto nos deu uma quantidade enorme de informação e realmente nos permitiu entender como homens e mulheres de diferentes idades navegam pelo jogo", disse à AFP David Reynolds, coordenado de pesquisas no instituto Alzheimer's Research UK.

Para jogar, os participantes têm que usar "diferentes partes de seu cérebro e as diferentes partes do cérebro são utilizadas de maneira diferente de acordo com os diferentes tipos de demência. Isto também nos permite vincular o que uma pessoa faz ao que acontece em seu cérebro", completou Reynolds. 

Com a versão com tecnologia de realidade virtual os cientistas poderão obter ainda mais informações. 

"Com esta tecnologia conseguimos detectar para onde a pessoa está olhando o tempo, assim como para onde está indo", explicou à AFP Lauren Presser, um dos criadores do jogo. 

"Então nós sabemos se as pessoas estão perdidas e como se comportam nestas situações (...) Cada um destes experimentos nos ajuda a obter dados sobre orientação espacial". 

No mundo, quase 50 milhões de pessoas sofrem demência e Alzheimer, segundo estimativas recentes. 

Até o ano de 2050 o número pode chegar a 132 milhões de pessoas.

Este espectro de doenças não tem cura, mas os desenvolvedores do jogo esperam que, eventualmente, permita um diagnóstico e um tratamento mais prematuro. 

Reynolds disse que o jogo pode ser usado como uma forma de prevenção. 

"Sabemos que manter nosso cérebro apto e ativo, assim como manter o corpo apto e ativo, é algo bom e ajuda a reduzir o risco de demência ou desacelera sua progressão", disse.

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