Cinco minutos por semana. Esse é o tempo necessário para ajudar no combate ao Aedes aegypti, através da construção de uma armadilha de baixo custo e de uma plataforma simples, disponível para smartphones. O aplicativo AeTrapp – Monitoramento Cidadão de Focos de Mosquito Aedes, desenvolvido pelo WWF-Brasil, está em fase de testes no Recife desde o início do mês e chega à capital pernambucana no momento em que o Estado registra um aumento de 10% nos casos de dengue. A proposta é fazer com que a população contribua com o monitoramento do número de ovos do mosquito colocados em cada região. Quem quiser se voluntariar, pode se inscrever até o fim da próxima semana.
A primeira etapa consiste em construir uma pequena armadilha, com garrafas pet transparente, papel aquarelável, uma caneta, clipes e uma moeda de um real. O custo é de menos de R$ 5. “Todas as instruções são passadas por e-mail. A armadilha é bastante simples e barata. Nós fornecemos o material para quem não tiver ou não puder comprar”, explica o coordenador de Ciência e Tecnologia do projeto, Oda Scatolini.
Em seguida, tem início a segunda etapa: o monitoramento. Uma vez por semana, os voluntários devem fotografar as amostras e cadastrar em um sistema online, através do aplicativo. É ele quem fará a contagem dos ovos. O trabalho deve durar seis semanas. Na capital, a versão de testes está sendo implementada nos bairros do Recife, das Graças, Morro da Conceição e entorno, mas quem morar em outra área e quiser participar, também pode entrar em contato com a organização do projeto, que conta com o apoio da rede de pesquisa Inciti, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Prefeitura do Recife. O e-mail para inscrições é aetrapp.comunicacao@gmail.com.
“A gente se inspirou no modelo das ovitrampas, que existem desde os anos 60. A diferença é que nele a contagem dos ovos é feita por um especialista, com a ajuda de um microscópio. É tudo manual e visual. O que o aplicativo faz é automatizar o processo. Ele é quem conta os ovos. Em uma paleta, podem existir centenas ou milhares deles. É um ganho muito grande”, destaca Scatolini.
De acordo com o coordenador de articulação do Inciti, Caio Scheidegger, a escolha dos bairros se deu a partir de um diagnóstico realizado junto à Prefeitura do Recife. “Estamos tentando mobilizar a população dessas áreas e de outras. Já realizamos oficinas em associações, escolas públicas e particulares. A gente quer que a população seja multiplicadora do monitoramento. É um compromisso muito pequeno – basta cinco minutos por semana – com um impacto muito grande. No Brasil, apenas 30% dos municípios realizam o LIRAa (Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti). Com esse projeto, a gente espera poder realizar o acompanhamento em outros locais.”
No Recife, o acompanhamento das ovitrampas é realizado pela prefeitura quinzenalmente. “O aplicativo é uma forma de apoio muito grande que o cidadão pode dar ao poder público. As informações são complementares para que se possa atuar nas áreas com maiores registros de casos”, destacou a gerente de vigilância à saúde do distrito 7, onde está localizado o Morro da Conceição, Renata Guimarães.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), 6.282 casos de dengue foram notificados de 31 de dezembro de 2017 a 28 de abril de 2018. No mesmo período do ano passado, foram 5.671 casos suspeitos, um aumento de 10,8%.