Matheus Nachtergaele comove com texto político

Publico em uma rede social, carta aberta sobre os descaminhos do Brasil tem sido compartilhada por diversos artistas
JC Online
Publicado em 07/08/2017 às 14:59
Publico em uma rede social, carta aberta sobre os descaminhos do Brasil tem sido compartilhada por diversos artistas Foto: Fernando da Hora / JC IMAGEM


Atores, cantores, dramaturgos e vários outros colegas artistas andam compartilhando a carta aberta que o ator Matheus Nachtergaele publicou em sua conta no Facebook sobre o atual momento político do País. No texto, o ator fala sobre a decepção de ter visto a investigação contra o presidente Temer arquivada e diz que o Brasil, infelizmente, vai se tornar o país "das crianças marginais, criadas no o país do desamor, da cocaína, das igrejas evangélicas, do futebol a todo custo". O cantor Felipe Catto, por exemplo, foi um dos que compartilharam: "Um texto de beleza e grande lucidez". 

Leia o texto na íntegra:

AFOGADO NAS LÁGRIMAS DE UM PAÍS

Matheus Nachtergale

Eu achei, sim, que se ia investigar o tal Temer. A política venceu o bom senso. Uma presidente foi caçada, um país desmontado novamente, mais uma geração condenada à miséria de tudo por causa de um negócio que não saberemos qual é, posto que a nós resta pagar em silêncio os impostos para a manutenção dessa babel que é o DF. Para nós não haverá escola, hospital ou transporte decente. Não haverá penicilina, nem água limpa. As chuvas inundarão pra sempre as ruas sujas e sem esgoto, e as crianças nossas serão marginais, criadas no país do desamor, da cocaína, das igrejas evangélicas, do futebol a todo custo.

Teremos sido o país castrado da festa, e transformado em campo de guerra e feiúra. Não haverá, por muito tempo ainda, nenhuma alegria que não seja conquistada apenas por nós mesmos, nas reuniões singelas da dança e da festa. Teremos tido a melhor música do mundo, as mais lindas aves, as praias e a vasta fartura engolidas numa corrupção des-humanista e doente.

Teremos sido o país do futebol...grande bobagem. De minha parte, vou seguir fazendo filmes, peças e séries de televisão que me pareçam investigadoras do homem do brasil ( com minúscula mesmo, porque estou triste ), do que poderia ter sido uma brasilidade, e serei um dos arautos sinceros do que é bonito e feio em nós. Farei isso até a exaustão de mim. É o que sei fazer como artesanato. Nas horas mansas, vou cantarolar um samba canção de arte e meus olhos vão se encher de água impura.

Aos poucos, o que era o futuro será o passado, mesmo. Tendo sobrevivido a isso tudo, morrerei sem ter visto o país que ia inventar o novo. Tudo é um negócio. Sorte pra nós.

Beijo.

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