Obras de Portinari voltam a ser expostas

As primeiras pinturas a terem a restauração finalizada foram as cinco que compõem a coleção Jesus e os Apóstolos
Da AE
Publicado em 21/02/2014 às 10:15
As primeiras pinturas a terem a restauração finalizada foram as cinco que compõem a coleção Jesus e os Apóstolos Foto: Foto: Divulgação/Portal Portinari


Após serem restauradas, as telas do maior acervo sacro de Cândido Portinari começaram a voltar para a igreja Matriz do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais, no interior de São Paulo, onde ficarão em exposição. As primeiras pinturas a terem a restauração finalizada foram as cinco que compõem a coleção Jesus e os Apóstolos. Elas foram recolocadas na quarta em seus lugares.

Para esta quinta-feira, 20, estava prevista a finalização de A Sagrada Família, que tinha furos de cupins e outros problemas. No total, 25 telas atingidas por insetos, além de infiltração de chuva e outros agentes, estão sendo recuperadas pelo Estado a um custo de mais de R$ 350 mil. O acervo todo deverá ficar pronto até o final deste ano e todas as peças ficarão expostas na igreja que as recebeu como doação de Portinari, que nasceu em Brodósqui, cidade vizinha.

Portinari (1903-1962) fez essas obras em óleo sobre tela e as cinco primeiras a ficarem prontas exigiram dois meses de trabalho. A responsabilidade ficou por conta de uma empresa especializada nesse tipo de situação e que já havia restaurado obras do mesmo pintor que se encontram na sede do Banco Central.

O altar da igreja, localizada no centro de Batatais, foi reformado antes de receber as telas que, atacadas pelos cupins, tiveram os chassis trocados e receberam nova cobertura de verniz. Também foi realizado um procedimento delicado que tem como objetivo manter a pintura fixada às telas em alguns pontos onde, por conta da ação do tempo, a tinta já começava a se descolar.

De acordo com os restauradores, a demora em iniciar esse trabalho fez com que a situação das obras se agravasse. A reforma das telas somente ocorreu após uma disputa que se arrastou por mais de cinco anos. Igreja, prefeitura e Estado vinham discutindo a quem caberia arcar com esse gasto até que, com a intervenção do Ministério Público e decisões judiciais, no fim de 2013 foi definida a restauração.

As obras estão avaliadas em R$ 67 milhões e a última vez que o acervo foi restaurado foi na década de 1970. Para recuperá-lo, foi montado um ateliê no salão da igreja. A população tem, assim a oportunidade de acompanhar todo o trabalho delicado que vem sendo desenvolvido.

Portinari nasceu em 1903 numa fazenda de café, sendo filho de imigrantes italianos de origem humilde e tendo cursado apenas o primário. Mas isso não impediu seus dons artísticos e, com 15 anos de idade, ele já começou a se destacar na pintura ao mudar para o Rio de Janeiro e ingressar na Escola Nacional de Belas Artes.

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