Quando se conheceram dentro dos encontros do projeto Confluência 2018, do Sesc, os artistas pernambucanos Letícia Barbosa e Clóvis Teodorico notaram uma semelhanças entre as preocupações e temas de suas obras. O diálogo entre as produções dos dois se tornou a gestação de uma ideia para movimentar o cenário de performances de Pernambuco. Intitulado Terra Estranha, o projeto começa neste sábado (13), a partir das 17h, na Galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu.
Além de hoje, as performances vão acontecer em mais duas datas: 11 e 18 de maio. A cada dia, os artistas apresentam obras diferentes, mostrando um total de seis trabalhos. Após cada sessão, Letícia e Clóvis conversam com o público sobre o que viram.
“Queríamos desenhar um programa de ações para movimentar a cena da performance aqui em Pernambuco, mesmo sem apoios. Estávamos adoecendo sem fazer nada, então fomos tentar tocar por conta própria, sem dinheiro, se autoproduzindo. Era algo da ordem da sobrevivência”, conta Letícia. Assim, depois da etapa de performances na Janete Costa, Terra Estranha vai circular por outras quatro cidades, Arcoverde, Triunfo, Garanhuns e Petrolina, realizando também oficinas.
“A circulação, quando terminar, vai gerar uma exposição aqui no Recife, no meio do ano, com o tema das obras. Terra Estranha é também um projeto de mapeamento de quem está fazendo performance em Pernambuco. Se tudo der certo, vamos organizar uma mostra com esses artistas aqui”, continua Letícia. A conexão com a arte que está sendo feita no interior do Estado não é por acaso: apesar de morarem no Recife, os dois são de cidades do interior – Clóvis de Garanhuns, Letícia de Carnaúba.
Hoje, Clóvis vai apresentar o trabalho Pau Brasil, em que, usando uma roupa vermelha, vai martelar pregos em um tronco de árvore. Nos finais de semana seguinte, ele traz os trabalhos A Festa e Vestidos para Vernissage. Letícia começa hoje a série Deformando as Formas de Poder, Performance nº. 1, em que planta flores artificiais em vasos para, em seguida, regá-las com leite.
“Pela primeira vez eu estou sentindo que farei um trabalho que não é necessariamente sobre o gênero – é sobre a situação política que o país vem atravessando. São trabalhos que eu considero mais limpos, não são tão berrantes ou chocantes assim, até por ser em um espaço de galeria. Eu fiz um esforço para não voltar a falar na questão de gênero, pois gostaria de demarcar o meu território de outra maneira; não é porque sou mulher que devo me sentir obrigada a falar sempre da violência contra a mulher”, aponta Letícia.