A largada da Seleção Oficial do Festival de Cannes, nesta quinta-feira (185), não poderia ter sido melhor. O longa-metragem Wonderstruck, de Todd Haynes, arrancou muitos aplausos da plateia (formada por jornalistas e profissionais ligados ao mercado de cinema) pela sensibilidade e inteligência com que trata de duas histórias paralelas – uma passada em 1927, outra em 1977 – envolvendo duas crianças. A produção é da Amazon Studios que, ao contrário da Netflix, que quer seus filmes passem primeiro no cinema, para depois chegar ao serviço de streaming.
Wonderstruck segue a história de dois adolescentes em ações simétricas, sobre como lidam com a perda. No caso da menina surda Rose (Milicent Simmonds), ela foge de casa para reencontrar a mãe (Juliette Moore), uma atriz famosa, que a abandonou. Já Ben (Oakes Fegley), vai atrás do pai que nunca viu, depois que a mãe, a bibliotecária Elaine (Michelle Williams) morre num acidente e ele fica sozinho. A maneira como as duas histórias se fundem também agradou, sem deixar de ser envolvente.
A partir de encontros fortuitos e similitudes, Haynes conta a primeira história em preto e branco e sem diálogos, à maneira do cinema mudo, e a segunda, passada nos anos 1970, em cor e com diálogos. Apesar de separados no tempo e no espaço, o destino deles é ligado por um segredo. Embora cheio de exotismos, o filme funcionas às mil maravilhas, graças ao talento dos atores e da equipe técnica lideraeq pelo diretor, entre eles o diretor de fotografia Edward Lachman e o montador brasileiro Affonso Gonçalves. “Tivemos toda a liberdade da Amazon para fazer o filme. Filmamos em película, tanto em preto & branco e em cor, o que já não acontece mais”, disse Haynes durante a entrevista coletiva.