As virações de Francisgleydisson, dono de um cinema de ponta de rua, no interior do Ceará, nos anos 1970, vão matar de rir quem comparecer ao Cinema da Fundação, às 18h30 desta quinta-feira (11/07), para assistir à pré-estreia da comédia cearense Cine Holliúdy, de Halder Gomes. O filme é uma coleção de memórias do cineasta, que aprendeu a fazer cinema como dublê de lutador nos Estados Unidos. Ele gosta de fazer filmes falados na língua do povo. Em Cine Holliúdy, é preciso que o espectador leia antes um glossário de “cearensês” para entender o que os personagens falam, como ele explica nesta entrevista. Após a exibição, o cineasta participa de um debate com a participação do público.
JORNAL DO COMMERCIO – Francisgleydisson já havia aparecido no curta que deu origem ao longa. Você conheceu alguém parecido com ele ou ele é uma mistura de muitas pessoas, inclusive você?
HALDER GOMES – Ele é uma pequena referência aos exibidores dos cineminhas que conheci na infância, na década de 1970, somado ao espírito batalhador, nômade e desenrolado dos nordestinos. É também uma metáfora do esforço e da multiplicação de funções necessárias aos realizadores brasileiros para fazerem seus filmes.
JC - A julgar pelos inúmeros prêmios e festivais internacionais em que Cine Holliúdy participou, além do fato de se tratar de uma história local e falada quase num dialeto, o filme tem um empatia muito grande com os espectadores. Como você explica isso?
GOMES – O trailer entrou online e em poucos dias passou dos 100 mil acessos, além de uma grande expectativa, percebida nos comentários pra lá de empolgados do público. Acredito que se deve ao cansaço dos nordestinos e, particularmente, dos cearenses, de se verem nas telas sempre de forma caricata e com sotaques de uma “língua” que não é a nossa.
JC – Para facilitar o entendimento, o filme terá legendas em algumas partes. Tem como o espectador se preparar, lendo um glossário, por exemplo, para curtir melhor o filme? Ou isso não tem importância?
GOMES – O filme é falado em “cearensês” ou “cearês”, como queiram chamar, e terá legendas em português. O glossário traz um apanhado de algumas palavras da nossa gramática, como “Ispilicute”, por exemplo, que vem do inglês “She’s pretty cute”, que significa “bonitinha, faceira”. Sim, o glossário agrega uma curtição a mais à novidade da diversidade linguística do Brasil no cinema.
Leia a entrevista completa na edição desta quinta-feira (11/07) no Caderno C, do Jornal do Commercio.