Ele já foi super-herói, cavaleiro jedi, salvador de judeus, militante político e outras mil faces. Nos últimos anos, porém, ninguém foi pai mais extremado que o ator irlandês Liam Neeson. Em Sem escalas (Non-stop), que estreia hoje, o ator empresta seu carisma a mais um personagem cheio de nuances, apesar da extrema semelhança com o agente aposentado Bryan Mills de Busca implacável (Taken) e Busca implacável 2 (Taken 2).
Novamente na companhia do diretor espanhol Jaume Collet-Serra, o mesmo de Desconhecido (Unknown), Liam Neeson agora é Bill Marks , um agente da Força Aérea que se vê envolvido na tentativa de sequestro de um avião em pleno voo. No meio do Oceano Atlântico - o voo saiu de Nova Iorque e vai para Londres -, ele começa a receber mensagens anônimas, por meio de uma rede privada, de que um passageiro irá morrer a cada 20 minutos.
Sem saber de onde o perigo vem, cada um dos 120 passageiros do voo parece uma ameaça para o agente, inclusive um companheiro de trabalho, que, involuntariamente, será a primeira vítima. Sem saber quem está por trás das ameaças, Marks entra entra choque tanto com a tripulação quanto com os passageiros. Ele desconfia até mesmo de Jen (Julianne Moore), uma mulher que senta numa poltrona a seu lado.
Acuado por todos os lados, o personagem fica ainda mais desacreditado quando o noticiário de TV informa que ele tem problemas desde a morte da filha pequena. Com esse novo dado, apesar do déjà vu, o espectador saca logo que Neeson vai resolver a parada e não vai ter salvação para os bandidos.
Assim como já havia mostrado em Desconhecido, Collet-Serra sabe como conduzir um thriller de suspense. Em Sem escalas, ele se esforça ainda mais para fazer um filme de ação num espaço tão reduzido. O clima claustrofóbico e as surpresas que, calculadamente, alimentam a história, fazem do seu filme um bom entretenimento.
É verdade que, já na reta final, a trama arquitetada pelos roteiristas John W. Richardson, Christopher Roach e Ray Engle cai no lugar comum. Mas, tirando isso, Sem escalas se sustenta por dois motivos: a direção seca e objetiva de Collet-Serra, que mantém o clima tenso durante quase todo o filme, e a participação de Liam Neeson, um ator que explora a dualidade de seus personagens como nenhum outro.