Fábio Porchat vive seus 15 minutos no anonimato

Para ele, simular que não há uma multidão não foi uma tarefa simples
Da AE
Publicado em 11/06/2014 às 10:17
Para ele, simular que não há uma multidão não foi uma tarefa simples Foto: Foto: Divulgação


Aonde quer que vá, Fabio Porchat é parado para dar autógrafos ou fazer fotos com fãs. Na ficção, porém, tem sido difícil abordá-lo desde que ele começou a rodar Entre Abelhas, cujas filmagens terminam nesta quarta-feira (11), no Rio. No longa, Fábio interpreta Bruno, um jovem que começa a não enxergar mais as pessoas nas ruas.

Ao filmar uma das cenas, em que a câmera estava distante, Porchat passou pela situação contrária e caminhou despercebido por uma rua de Copacabana. “Foi o toque mágico ao filme. A gente não tinha estrutura para escondê-lo”, relembra a produtora Tereza Gonzalez. Em outras sequências ambientadas em vias públicas, em que nem todos os pedestres eram figurantes, o ator tampouco foi interrompido por desconhecidos.

Para ele, simular que não há uma multidão não foi uma tarefa simples. “Contracenar com o nada é muito esquisito, pois o seu olhar vai para a pessoa que está passando. A concentração é difícil”, entrega o humorista, que assina o roteiro com Ian SBF, responsável pela direção dos vídeos do Porta dos Fundos e figura que também comanda a equipe do filme. Amigos desde a faculdade, o dois escreveram a história há nove anos.

A dupla afirma não ter alterado muito o texto ao longo do tempo. “A gente nunca tenta fazer o que o público quer ver”, defende o diretor. “A gente pensou em tornar o diálogo o mais crível possível”, analisa Porchat. Na trama, Bruno passa por um momento difícil ao sofrer com a separação da mulher, Regina, vivida por Giovanna Lancellotti. Para piorar, ele deixa de ver pessoas próximas e, aos poucos, as pessoas na ruas.

Quando está em um lugar movimentado, Bruno não enxerga ninguém, mas sente os empurrões e os ombros esbarrarem nos seres invisíveis. Em cenas desse tipo, a equipe não faz duas tomadas. Porchat sempre contracena com quem, em teoria, não consegue ver. “O filme fica mais nas sensações”, explica Ian SBF. “É legal esse contraste onde há muita gente. Mas há dois pontos de vista, o do Bruno e dos outros. A gente não sabe se ele está vendo ou não. Eu gosto do realismo fantástico. Nem tudo precisa de explicação”, avalia o ator.

Na trama, a única pessoa que sabe da situação é a mãe do protagonista, encarnada por Irene Ravache, que custou a acreditar no convite ao receber um telefonema do humorista. É na casa dela onde Bruno se instala no começo da crise. Na cena que o Estado acompanhou, em um apartamento de temporada próximo à Praia de Copacabana totalmente modificado para o filme, o personagem para diante da parede e observa um mural onde cola fotos e anota quem são os amigos que ainda consegue enxergar. 

Uma das pessoas próximas é Davi, papel de Marcos Veras, um dos integrantes do Porta dos Fundos. Entre os humoristas do grupo também no elenco estão Luis Lobianco e Letícia Lima.

Apesar da presença de atores ligados aos vídeos de humor, Porchat garante não ser essa a pegada de Entre Abelhas. “O personagem está angustiado. Ele está vivendo um drama, mas isso é o engraçado da história. Eu tinha de fazer coisas engraçadas sem saber que eram engraçada. É o maior desafio da minha vasta carreira no cinema, que só começou há dois anos”, brinca. Segundo ele, a sensação de ficar isolado no meio de uma multidão pode ser vivida por qualquer um. “Hoje, com o celular, as pessoas andam na rua sem olhar em volta. A gente consegue viver ‘sozinho’ no mundo.”

“O personagem não tem tudo cômico nem dramático. Pelo absurdo, a coisa se torna divertida e, às vezes, melancólica”, defende Irene Ravache, que não esconde a vontade de ser escalada para produções que o humorista faz para a internet. “Todo ator adoraria fazer o Porta dos Fundos”, confessa ela.

Orçado em R$ 5 milhões, o longa é produzido pela Mixer, mesma de títulos como Mato Sem Cachorro e a série documental Águias da Cidade, do Discovery Channel. Para fisgar o público que acompanha Porchat no mundo virtual, a equipe lançou especialmente para a web vídeos de bastidores, exibidos nas cinco semanas. Neles, o ator e os outros integrantes da produção comentam as cenas filmadas e dão explicações sobre técnicas usadas no cinema.

Enquanto o filme não estreia, Fábio Porchat será visto na televisão em Tudo Pela Audiência, atração do Multishow prevista para julho em que, ao lado de Tatá Werneck, vai tirar sarro dos programas de auditório da TV aberta. Mesmo sem ter ido ao ar, a produção já tem a segunda temporada encaminhada. Em setembro, ele aparecerá em dois episódios da nova leva de episódios de Vai Que Cola, no mesmo canal.

Em agosto, o humorista deve estrear nos palcos paulistanos com a adaptação para o teatro de Meu Passado me Condena, em que ele e Miá Mello vivem um casal homônimo que troca alianças pouco tempo depois de se conhecer. A peça é baseada na série de TV e no filme com a dupla, que teve 3,2 milhões de espectadores. Em dezembro, eles viajam para a Europa para rodar a continuação do longa, dirigido por Julia Rezende. 

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