'Amor sem Fim' pouco supera filme homônimo de 1981

o Amor sem Fim de 1981 foi considerado um dos piores filmes da sua época
Da AE
Publicado em 13/06/2014 às 9:40


No começo da carreira de Franco Zeffirelli, podia-se tudo perdoar ao antigo assistente de Luchino Visconti por conta do fausto barroco e das belas imagens de A Megera Domada e Romeu e Julieta. Mas, depois, como observa Jean Tulard no Dicionário de Cinema, a pieguice tomou conta dele. As óperas filmadas ainda disfarçam, mas Amor sem Fim já é um melodrama atroz. Um Romeu e Julieta contemporâneo, e com base num livro de prestígio (de Scott Spencer). Boy meets girl, mas é um amor obsessivo e o mundo se interpõe entre eles. Zeffirelli fez um filme tão errado que, dispondo do jovem Tom Cruise no elenco, preferiu que Brooke Shield formasse dupla com o insosso Martin Hewitt. Não admira que o Amor sem Fim de 1981 - há 33 anos - tenha sido considerado um dos piores filmes da época.

Desse mal, a diretora Shana Feste conseguiu se livrar. Cinicamente, se poderia dizer que seu Amor sem Fim é apenas ruim. E ela não fez um remake do filme de Zeffirelli, da mesma forma que não usa a canção de Lionel Ritchie e Diana Ross que foi indicada para o Oscar no Endless Love antigo. Seus problemas são outros - por mais belos que sejam (colírios para os olhos), Alex Pettyfer e Gabrielle Wilde têm mais de 20 anos e é óbvio que estão tentando se fazer passar por jovenzinhos de 17. A diferença não é só de idade, é também de classe. Ela é rica, ele é pobre. E papai Bruce Greenwood vai passar feito um trator sobre o pobretão para impedi-lo de afastar sua princesa do caminho que traçou para ela.

Mamãe Joely Richardson até que tenta, mas ela é a prova de que esses milionários querem mulheres e filhas como adornos de suas mansões de luxo. Joely era escritora - sabemos disso por um comentário de Pettyfer, que leu o livro dela -, mas o marido a fez desistir da literatura para se consagrar ao lar. Quando Joely diz a Greenwood que Pettyfer e Gabrielle lhe lembram o começo dos dois, ele reage com fúria - “Eles não são como nós”. Fuçando no passado do genro que não quer, o milionário descobre antecedentes de violência. E não se vexa de forjar falsos flagrantes.

A pergunta que não quer calar - como esses dois chegarão a se entender? A verdadeira pergunta - até quando Gabrielle e o irmão vão aceitar que o pai conduza a vida deles? Pettyfer e Gabrielle foram ambos modelos. Além de bonitos, têm química, mas o filme, à força de ter sido feito para conseguir uma censura baixa (PG-13), não transforma essa química em paixão. O incêndio com que se resolve a trama não tem nada a ver com o fogo dos sentimentos, da paixão. Amor sem Fim é um filme para os olhos. Tem ambientes sofisticados, carros de luxo, muita gente bonita. Seus olhos vão passear pela tela, sem nenhuma necessidade de um olhar mais atento. 

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