Aquarius ganha prêmio de Melhor Filme do Festival de Sidney

Filme de Kleber Mendonça Filho concorreu mais 11 produções mundiais, em concurso australiano
Ernesto Barros
Publicado em 19/06/2016 às 10:44
Filme de Kleber Mendonça Filho concorreu mais 11 produções mundiais, em concurso australiano Foto: Victor Jucá/Divulgação


No dia em que o cinema brasileiro faz aniversário - 118 anos desde as filmagens de Afonso Segreto na Baía da Guanabara -, quem lhe dá um presente é a produção pernambucana Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que ganhou neste domingo (19/6) - na verdade, a cerimônia foi na noite de sábado, mas, devido ao fuso horário, domingo no Brasil - o prêmio de Melhor Filme do Festival de Cinema de  Sidney, na Austrália.

O Festival de Sidney foi o primeiro a exibir Aquarius após a bem-sucedida participação do filme no Festival de Cannes, há pouco mais de um mês. Embora não tenha levado prêmios, Aquarius foi ovacionado por mais de 10 minutos de ovação na sessão de gala e ficou no top 5 de várias revistas internacionais, entre elas a prestigiada Cahiers du Cinéma. Em Sidney, o longa-metragem concorreu com mais 11 filmes de vários países, entre eles Juste la Fin du Monde, de Xavier Dolan, que conquistou o Grande Prêmio no Festival de Cannes, a láurea mais importante do concurso francês depois da Palma de Ouro (vencida por I, Daniel Blake, de Ken Loach). No dia exibição em Cannes, Kleber e equipe protestaram contra o governo Temer, numa manifestação que correu o mundo.

Kleber Mendonça Filho publicou a notícia na sua conta do Facebook, junto com a declaração do presidente do júri, o inglês Simon Field (produtor do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul): “O júri foi unânime em sua admiração de uma competição forte este ano, e deseja premiar Kleber Mendonça Filho como o merecedor do Prêmio de Melhor Filme pelo seu filme Aquarius, que é um atraente e relevante discurso sobre o Brasil contemporâneo, e a capacidade de uma pessoa defender o que ela acredita. Kleber criou um filme que é ao mesmo tempo político e pessoal, espirituoso, sexy e divertido. Um filme de verve e inteligência naturais. No coração do filme está a performance impressionante e destemida de Sonia Braga como uma personagem sem medo, resistindo à pressão da família e do mundo corporativo”.

Aquarius conta a luta da crítica de música aposentada Clara (Sonia Braga) para manter a dignidade de morar em um apartamento do edifício Aquarius, a construção mais antiga da Avenida Boa Viagem e que ainda não foi demolida. Ela mora no apartamente sozinha, mas o espaço é revestido de memórias familiares e de sua própria vida. Uma construtora recifense empreende uma verdadeira guerra para tirar a mulher da sua moradia, pois pretende criar no local um condomínio de luxo em frente à praia. O filme é uma forte crítica pessoal e política contra a desenfreada especulação imobiliária, que vem modificando para pior o Recife e várias cidades brasileiras.

Logo após o Festival de Cannes, o produtor francês de Aquarius, Saïd Ben Saïd, revelou que o filme já foi vendido para mais de 30 países, além de um futura exibição na plataforma Netflix em todos os territórios das três américas. Até o momento, a distribuidora Vitrine, parceira de Kleber desde o lançamento do O Som ao Redor, o primeiro longa de ficção do cineasta, ainda não divulgou a data de estreia de Aquarius no Brasil. 

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