No vasto menu cinematográfico que se enche de novidades a partir desta quinta-feira (9), um longa brasileiro explora o universo gastronômico de maneira leve e divertida. Essa é a proposta do filme Gosto Se Discute, escrito e dirigido por André Pellenz.
De entrada, temos o veterano Cássio Gabus Mendes como protagonista e dividindo os holofotes com Kéfera Buchmann, que embarca em sua terceira empreitada nas telonas. Na sinopse, o chef Augusto Moreira (Cássio), que já viveu dias de glória no restaurante Gusto, precisa lidar com a decadência, enfrentando até a concorrência de um “food truck” recém-instalado do outro lado da rua. Além disso, a auditora Cristina (Kéfera) chega para promover uma verdadeira revolução no local antes que ele feche as portas em definitivo. Desafiado, o cozinheiro tem que provar que ainda está em forma, mas acaba perdendo o paladar justamente na hora que precisa criar um novo cardápio.
Servido o prato principal ao longo de 90 minutos, é importante esclarecer que é um filme de baixo orçamento, mas que não deixa a desejar em sua estética e fotografia. Há um bom cuidado nas cenas que envolvem comida e, mesmo com boa parte das ações se passando dentro de um restaurante de verdade, o roteiro não dá brecha para sentir falta de outros ambientes.
As atuações também atendem ao que é proposto. Enquanto Cássio passa verdade com as aflições e amarguras de seu chef frustrado (com direito a sequência hard em que engole um punhado de sal e come pimenta), Kéfera, mesmo com aura de iniciante, mostra que pode fazer papéis mais sérios. As primeiras sequências, onde sua Cristina se mostra mais carrancuda e até na cena soft de sexo com Augusto, nota-se uma atriz mais esforçada e distante do que o público jovem a vê em seu canal no YouTube.
Entre os coadjuvantes, os trabalhos de Gabriel Godoy como o ex-funcionário e dono do food truck, Patrick Phillip, e Paulo Miklos, como o excêntrico doutor Romualdo, também cumprem sua missão. Mas o destaque maior fica com o baiano “cantator” Zéu Britto e o seu ótimo cozinheiro gago Reginaldo, responsável por arrancar boas risadas no longa.
O roteiro também consegue surpreender. Além de abordar algo ainda sem precedentes na tela grande (um chef que perde o paladar, baseado em uma história real), a solução encontrada para o novo cardápio soa inimaginável na trama, mas funciona e convence durante a feitura dos pratos. Dica: Não assista o filme com fome, pois algumas sequências podem deixar ainda com mais vontade.
Entretanto, se o desfecho da história pode ser uma sobremesa para os olhos, isso apenas cada espectador poderá dizer. Mas a partir da ideia de entreter o público com um filme leve e divertido, o longa é um “feijão com arroz” bem executado.
*O repórter viajou a convite da Imagem Filmes.