Jogador nº 1, de Spielberg, é realidade virtual com ode à cultura pop

O diretor Steven Spielberg não poderia ter escolhido melhor audiência para fazer o lançamento mundial de Jogador Nº 1 (Ready Player One), inspirado no livro de mesmo nome de Ernest Cline. A premiere aconteceu na noite de domingo do festival South by Southwest (SXSW), em Austin, no Texas, que reúne milhares de geeks de todo o mundo. O filme, assim como o livro, é um imenso tributo ao universo nerd/geek, com incontáveis citações a ícones da cultura pop. Estão lá Michael Jackson, Allien, Os Embalos de Sábado à Noite, De Volta para o Futuro, O Iluminado, King Kong, Parque dos Dinossauros, além de games clássicos como Swordquest, Robotron, Dungeons & Dragons, Joust. E a lista não está nem no começo.

O diretor compareceu ao lançamento ao lado do autor Ernest Cline, de quem se disse um grande fã. Cline inclusive assina o roteiro da adaptação para o cinema, ao lado de Zak Penn. Os atores principais também estavam lá, entre eles Tye Sheridan e Olívia Cooke, que interpretam o casal de jogadores protagonistas. Mas espetáculo quem deu mesmo foi o público de mais de duas mil pessoas. Diretor e cast foram saudados aos gritos. Ao longo da projeção, urros a cada referência feita aos clássicos geeks. E nem duas interrupções registradas na projeção, a poucos minutos do final das mais de duas horas de filme, arrefeceu o entusiasmo da plateia. A sessão terminou mais de meia-noite, já era madrugada no Brasil. Jogador Nº 1 entra em cartaz no próximo dia 29.

Enredo

O enredo se passa no futuro (2045), quando boa parte da humanidade (os milhões perdidos) vive em condições miseráveis. O protagonista Wade Watts (Tye Sheridan) é um órfão que mora com uma tia e o namorado violento dela num parque amontoado de trailers. Wade dorme sobre uma máquina de lavar e, assim como a maioria dos seus vizinhos, prefere viver no mundo virtual do jogo Oasis, acessível por óculos de realidade virtual e concebido por um típico nerd que, antes de morrer, espalhou chaves e ovos de Páscoa capazes de dar ao vencedor dessa jornada total controle sobre o jogo (e consequentemente, sobre a humanidade)

No Oasis, onde vive o avatar Parzival, Wade conhece o grupo que depois se autodenomina High Five: a mocinha geek-punk-destemida Art3mis (Olivia Cooke); o best friend virtual de Parzival, Aech (Lena Waithe); e uma dupla de samurais vivida por Win Morisaki e o pequeno Philip Zhao. O grupo enfrenta a competição do mega empresário Nolan Sorrento  (Ben Mendelsohn), líder da Innovative Online Industries (I.O.I.), que quer “apenas” dominar o mundo e está sempre oferecendo dinheiro para cada um dos demais players desistir das suas conquistas.

Os High Five perfomam momentos de pura nostalgia, ao dançar Staying Alive, dos BeeGees, em plataformas flutuantes porém tão  coloridas como nos Embalos de Sábado à Noite; quando são perseguidos por um dinossauro e um gorila gigante; ou ainda na longa referência ao clássico de Stanley Kubric estrelado por Jack Nicholson, O Iluminado. Tudo isso entremeado de combates virtuais (e no mundo real também).

As inesgotáveis sequências de ação são perfeitas (padrão Spielberg), mas entre os atores, merece menção a performance de Mark Rylance, que interpreta o nerd tímido e desgrenhado criador do jogo, James Halliday. O mundo de Oasis é imprevisível, em constante mudação, onde os avatares estão sempre morrendo, para acordar no mundo real e voltar para jogar de novo (quem nunca?). Esse paralelo fantasia/realidade ajuda na conclusão e discussão filosófica entre Halliday e Parzival.