Verba menor não tira brilho do FIG

Com um orçamento de R$ 12 milhões, 25% menor que o de 2012, o evento não perdeu qualidade
Do JC Online
Publicado em 30/07/2013 às 6:00


Se, a princípio, o corte do orçamento podia significar perda de qualidade, o uso racional e criativo dos recursos fez desta uma das edições memoráveis do Festival de Inverno de Garanhuns. O público respondeu à qualidade da grade, e o evento deste ano teve plateias maiores. "Talvez, com o mesmo orçamento, tivéssemos optado por ter mais de uma grande atração por noite. Mas nos vimos obrigados a ser criativos", comenta Vinícius Carvalho, diretor-executivo da Secretaria de Cultura de Pernambuco e coordenador do evento.

Este ano, com mais de 200 shows, o FIG teve cerca de R$ 12 milhões de verba - cerca de 25% a menos que no ano passado. Ainda assim, contou com alguns dos shows mais comentados da atual temporada nacional de espetáculos. Entre eles, Atento aos sinais, de Ney Matogrosso, e Abraçaço, de Caetano Veloso. Um dos mais caros da grade, o show completo de Caetano, incluindo equipes e estrutura, custou perto de R$ 200 mil.

O Palco Guadalajara também foi sucesso de público em outros dias. Como na segunda-feira (22/7), noite do rock pesado. Na sexta-feira (26/7), penúltimo dia de festival, atrações como Fagner e Daniela Mercury também atraíram muita gente. Além de fazer o público cantar e dançar, a cantora baiana aproveitou para discursar contra a homofobia, a discriminação e a favor do movimento Passe Livre. Foi na contramão de Ortinho, vocalista da banda Querosene Jacaré, cujo show, no primeiro fim de semana do FIG, ficou mais marcado por uma declaração incitando a violência contra as mulheres do que pela sua música.

O evento também contou com artistas de outros países: Yusa (Cuba) e Silver Apples (EUA), ambos no Palco Pop, e Deolinda (Portugal) e Afrika Bambaataa (EUA), na Esplanada Guadalajara. Bambaataa fez uma das apresentações mais empolgantes do festival e dividiu o palco com rappers e b-boys brasileiros, no encerramento da festa.

Aliás, jovens eram vistos com frequência dançando no Palco Pop, um indicativo de que a cultura hip hop poderia ter ainda mais espaço nas próximas edições do FIG. Algumas das performances aconteciam nos intervalos dos shows, ao som de DJs. O mesmo palco foi cenário de um encontro musical incrível: o Maestro Ademir Araújo e a Orquestra Rockfônica uniram frevo e rock, com participação de Andres Kisser, do Sepultura.

Se nomes consagrados como Orquestra Santa Massa, Karina Buhr e Mundo Livre S/A marcaram presença, o festival também apresentou Juliano Hollanda e Vertim Moura, entre outros jovens. Nomes que sinalizam renovação da música contemporânea pernambucana, sendo grandes revelações do festival. A programação também teve concertos impressionantes fora dos grandes palcos, como Cida Moreira, num recital memorável no Teatro Luis Souto, e Mônica Salmaso no Mosteiro de São Bento.

O texto completo está no Caderno C desta terça-feira (30/7), no Jornal do Commercio.

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