Depois de 50 anos, projeto da Rádio Frei Caneca deve sair do papel

Com a garantia oficial do Governo Federal, funcionamento da rádio ficou mais perto da realidade
AD Luna
Publicado em 02/07/2011 às 6:00


Recife é uma cidade feita de grandes contrastes e paradoxos. Entre os maiores, está o inacreditável desprezo e má vontade de boa parte das rádios locais diante da farta produção musical do município, em particular, e de Pernambuco em geral. Agora, depois de também inacreditáveis 50 anos, tal cenário está ganhando nova perspectiva. O prefeito João da Costa anunciou, ontem, em seu gabinete, a outorga definitiva do Ministério das Comunicações concedendo a Rádio Frei Caneca à capital pernambucana. Com a garantia oficial do Governo Federal, o sonho de inúmeros artistas, comunicadores, produtores, políticos e de populares em ver e ouvir a Frei Caneca funcionando ficou mais perto da realidade.

“Só não chorei porque na minha idade não tenho mais lágrimas”, disse, na cerimônia de anúncio da aprovação do projeto, o vereador Liberato Costa Júnior (PMDB), 93 anos, autor da Lei Municipal 6511/60 de 1960, que criou a rádio pública. Sentado à mesa, ao lado do prefeito, do secretário municipal de Cultura, Renato Lins (cujo nome de guerra Renato L, foi retrabalhado por Liberato, durante a cerimônia, transformando-se em R Lins) e do deputado federal Fernando Ferro (PT), Liberato fez discurso ouvido com bastante atenção e reverência por todos que lotavam a sala. A fala do decano foi pontuada por resgates históricos, muito bom humor, sutis brincadeiras em relação à própria idade (“Lamento por não ter conhecido Dom Pedro I”), emoção (sem água escorrendo pelos olhos), elogios, cobranças e até suaves críticas ao governo municipal. Liberato deu sugestões acerca da programação e administração da rádio ao secretário “R Lins” e encerrou seu discurso sob muitos aplausos. “Estou entusiasmado. Saio daqui feliz!”, festejou.

O vocalista do Mundo Livre S/A, Fred Zeroquatro, um dos principais responsáveis por desenterrar o projeto de Costa Júnior, relatou em entrevista ao JC os momentos de ansiedade vividos durante todo o trâmite burocrático da outorga. “Quando saiu o resultado, confesso: chorei!”, revelou o músico. O amigo de curtições e batalhas pela difusão da música pernambucana de Zeroquatro, secretário Renato Lins, disse que a partir da portaria, assinada na ocasião pelo prefeito, a qual institui grupo que acompanhará a instalação da rádio, os próximos passos serão: abrir processo licitatório para compra dos equipamentos, iniciar diálogo com a sociedade civil para discutir o modelo de gestão - o que inclui questões relativas ao orçamento e à contratação de pessoal.

Leia a reportagem completa no Caderno C deste sábado (2).

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