Mineira como sua nova personagem, Andréia Horta é a protagonista da nova novela das onze Liberdade, Liberdade (Globo), que entra no ar nesta segunda-feira (11/4). Filha de Tiradentes, figura mítica cuja herdeira mal deixou rastros para registros históricos, Joaquina é prato cheio para uma atriz que sabe se valer de técnica e intuição para ocupar as linhas criadas pelo autor. E o autor, Mario Teixeira, já avisa que a trajetória traçada por ele é ficção pura, até porque, diz, "seria muito pouco provável que a herdeira de Tiradentes fosse levada por um fidalgo para crescer na Corte".
"Espero que (a novela) possa trazer alguma reflexão para as pessoas, muitas das nossas reivindicações já vêm daquela época. Ela fica indignada com o que vê quando chega de Portugal, não tolera a exploração, os maus tratos que testemunha com o povo, com escravos, enfim, ela traz as mesmas indignações que levaram o pai à forca", diz Andréia.
E ressalta o valor da palavra "justiça": "Ela tem uma interpretação muito pura, na essência mesmo, do que é 'Justiça', sabe? Não é um termo relativizado ou tratado dentro de determinado contexto, no entender dela. Tem um significado no seu estado puro, sem contaminação".
A salvação da menina Joaquina, vivida por Mel Maia, logo após a morte de Joaquim da Silva Xavier (Thiago Lacerda) será obra de Raposo (Dalton Vigh), amigo do condenado, que oculta a condição de herdeira do "traidor" da Coroa para criá-la em Portugal. Na volta, ela será chamada por Rosa, para driblar as perseguições ainda latentes em Vila Rica.
Andréia se esmerou em aulas de equitação, tiros e esgrima. "A minha arma é linda, tem um cabo de madeira, é superbonita", derrete-se. Mas, se achava que tiraria de letra o manuseio de tais objetos cênicos, não foi assim tão destemida que ela se viu na hora de colocar a mão no gatilho ou de empunhar espadas. Bateu uma fragilidade, admite.
Durante a conversa, Andréia escorrega com elegância para um "bocadim" discreto de seu acento mineiro, som que será usado de forma mais que moderada em Liberdade Liberdade, até porque a musicalidade presente naqueles dias era bem mais lusa - o que será evidenciado pela presença do português Ricardo Pereira, o coronel Tolentino.
Para Andréia, o privilégio do ofício é dar de cara com os sotaques, valores e histórias de um Brasil da Família Real, pouco depois de deixar o set de Elis, o longa-metragem de Hugo Prata, previsto para o segundo semestre. Trafegar entre universos tão distintos em tão curto espaço de tempo não é para qualquer um. Ela se comove ao lembrar de seus dias como Elis. Não se esquivou de cantar em cena, mas espera que o diretor insira no áudio a voz da própria cantora. "Acho que as pessoas vão ver o filme esperando ouvir a voz dela", explica.