O apresentador Gugu Liberato teve morte cerebral divulgada na noite desta sexta-feira (22) após sofrer uma queda de uma altura de cerca de quatro metros na quarta-feira (20) em Orlando, Flórida, nos Estados Unidos. A morte encefálica é a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. No Brasil, para diagnosticar, dois médicos diferentes devem realizar o exame clínico, teste de apneia e outros complementares como eletroencefalograma e angiografia cerebral.
Em 2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou critérios mais rígidos para definir morte encefálica. A mudança nos procedimentos teve impacto no processo de doação e transplante de órgãos, que só pode ser iniciado depois do consentimento da família e da confirmação da morte cerebral do paciente a partir da realização de vários exames. No caso de Gugu, a família optou pela doação.
A partir da resolução, além do neurologista, outros especialistas como médico intensivista, neurocirurgião ou médico de emergência, puderam diagnosticar o fim da atividade cerebral do paciente. Segundo o conselho, considera-se que houve morte cerebral quando o paciente tem parada irreversível da respiração e de todas as funções do cérebro, incluindo o tronco.
Os procedimentos para determinar a morte encefálica devem ser iniciados em todos os pacientes que apresentam estado de coma não perceptivo, ausência de reflexos do tronco cerebral e interrupção persistente da respiração (apneia).
Se depois de pelo menos seis horas em observação no hospital o paciente apresentar ainda lesão de causa desconhecida e irreversível no cérebro, temperatura corporal acima de 35 graus e anormalidade no grau de saturação arterial, ele deve ser submetido aos exames de morte encefálica.
Para constatar a morte cerebral, dois médicos diferentes devem realizar o exame clínico, teste de apneia e exames complementares, como o eletroencefalograma e angiografia cerebral.
O laudo deve ser assinado por profissional capacitado para a realização desse tipo de exame. A parada cardíaca pode ocorrer em até cinco dias depois do diagnóstico de morte cerebral.
Os critérios constam na resolução 2.173/17.
A nota de falecimento diz que Gugu sofreu uma queda acidental de uma altura de cerca de quatro metros enquanto fazia um reparo no ar-condicionado instalado no sótão de sua casa. Ele foi prontamente socorrido pela equipe de resgate e admitido no Orlando Health Medical Center, onde permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) acompanhado pela equipe médica local.
No hospital, os exames iniciais constataram sangramento intracraniano. Em virtude da gravidade neurológica, não foi indicado qualquer procedimento cirúrgico. Durante o período de observação, foi constatada a ausência de atividade cerebral.
A morte encefálica foi confirmada por Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro chamado pela família.
Leia a nota de falecimento
Este é um momento que jamais imaginamos viver. Com profunda tristeza, familiares comunicam o falecimento do pai, irmão, filho, amigo, empresário, jornalista e apresentador Antônio Augusto Moraes Liberato (Gugu Liberato), aos 60 anos, em Orlando, Florida, Estados Unidos.
Nosso Gugu sempre viveu de maneira simples e alegre, cercado por seus familiares e extremamente dedicado aos filhos. E assim foi até o final da vida, ocorrida após um acidente caseiro.
Ele sofreu uma queda acidental de uma altura de cerca de quatro metros quando fazia um reparo no ar condicionado instalado no sótão. Foi prontamente socorrido pela equipe de resgate e admitido no Orlando Health Medical Center, onde permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva, acompanhado pela equipe médica local.
Na admissão deu entrada em escala de *Glasgow de 3 e os exames iniciais constataram sangramento intracraniano. Em virtude da gravidade neurológica, não foi indicado qualquer procedimento cirúrgico. Durante o período de observação foi constatada a ausência de atividade cerebral. A morte encefálica foi confirmada pelo Prof. Dr. Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro chamado pela família, que após ver as imagens dos exames em detalhes, confirmou a irreversibilidade do quadro clínico diante de sua mãe Maria do Céu, dos irmãos Amandio Augusto e Aparecida Liberato, e da mãe de seus filhos, Rose Miriam Di Matteo.
Ainda não temos detalhes sobre o traslado para o Brasil. Informações sobre velório e sepultamento serão passadas assim que tudo estiver definido.
Ele deixa três filhos, João Augusto de 18 anos e as gêmeas Marina e Sophia de 15 anos.
Atendendo a uma vontade dele, a família autorizou a doação de todos os órgãos.
Gugu sempre refletiu sobre os verdadeiros valores da vida e o quão frágil ela se revela. Sua partida nos deixa sem chão, mas reforça nossa certeza de que ele viveu plenamente. Fica a saudade, ficam as lembranças - que são muitas - e a certeza que Deus recebe agora um filho querido, e o céu ganha uma estrela que emana luz e paz.
Familiares e funcionários
São Paulo, 22 de novembro de 2019
* Escala Glasgow de 3 - usada para medir a consciência e a evolução das lesões cerebrais em um paciente.
Discípulo de Silvio Santos, com quem trabalhou pela primeira vez ainda nos anos 1970, Gugu marcou época na TV brasileira à frente de programas como Viva a Noite (SBT), Sabadão (SBT), Domingo Legal (SBT) e o Programa do Gugu (RecordTV). Atualmente, ele era o apresentador do reality show Canta Comigo, também na Record.
Em 1988, com cada vez mais destaque no SBT, Gugu chegou a assinar contrato para apresentar um novo programa na Rede Globo, mas Silvio Santos foi pessoalmente ao dono da emissora, Roberto Marinho, pedir a rescisão do acordo para que Gugu continuasse no SBT - o que acabou ocorrendo. Quem entrou em seu lugar na emissora carioca foi Fausto Silva.
Especialmente com o Domingo Legal, Gugu foi líder de audiência nas tardes de domingo entre o fim dos anos 1990 e 2003, vencendo o Domingão do Faustão e provocando mudanças na linha editorial do programa global, que deixou de exibir quadros como o "sushi erótico".
A Justiça também entrou no caminho do Domingo Legal em alguns momentos. Em 2000, proibiu a exibição da "Banheira do Gugu" (quadro em que homens e mulheres seminus brigavam para alcançar um sabonete em uma pequena piscina molhada) antes das 21h. (os advogados do programa recorreram, mas o horário acabou mudando de qualquer forma).
Foi também nessa época que o programa começou a investir mais em reportagens jornalísticas, o que consolidou sua liderança nos domingos no início do século. Mas o investimento gerou outro problema com a Justiça. No dia 7 de setembro de 2003, o Domingo Legal exibiu uma "entrevista" com dois membros do PCC a bordo de um ônibus na capital paulista. Porém, após investigação, a polícia descobriu que a entrevista era falsa. Os responsáveis pela investigação disseram na época que os encapuzados entrevistados não eram integrantes da facção criminosa e receberam R$ 500 cada um para participar do programa. O programa foi proibido pela Justiça Federal de ser exibido no dia 21 de setembro.
O apresentador foi denunciado por crime de ameaça e por dois crimes de imprensa pelo Ministério Público de São Paulo. A Justiça autorizou um indiciamento, mas uma liminar o impediu. O SBT acabou multado em R$ 1,7 milhão (valores da época). Naquele ano, o SBT registrou um prejuízo de R$ 33,6 milhões. Gugu fez um acordo financeiro de R$ 750 mil em 2005 para encerrar o processo.
Gugu também apareceu diversas vezes nos cinemas, principalmente em filmes da Xuxa e dos Trapalhões, como em O Casamento dos Trapalhões (1988) e Xuxa e os Duendes (2001). O apresentador também gravou alguns compactos (discos de vinil com uma música de cada lado). Baile dos Passarinhos e Docinho Docinho fizeram sucesso. Ele também chegou a fazer campanhas políticas para José Serra, do PSDB, nos anos 1990 e 2000.
Em 2009, ele saiu do SBT e foi para a Record TV (os números não oficiais estimavam que ele levaria R$ 3 milhões mensais). Em entrevista ao Jornal da Tarde no dia 30 de agosto de 2009, Gugu explicou sua mudança de emissora: "Minha decisão de ir para a Record foi baseada na oportunidade de trabalho que eles me ofereceram. O contrato envolve um plano de carreira promissor, ótimas oportunidades e condições de produção. Foram várias situações. Um plano de carreira, um contrato de oito anos, que não é comum na televisão, toda a estrutura de jornalismo oferecida, a cobertura internacional que teremos e o talk-show que vou fazer, inicialmente uma vez a por semana, na Record News O próprio Silvio Santos me disse que se tratava de uma proposta irrecusável".
Gugu havia renovado o contrato com a emissora por mais três anos no início de 2019. "Estou muito feliz em comunicar que hoje renovei meu contrato com a Record TV. Agradeço a confiança de todos, especialmente do vice-presidente artístico e de programação, sr. Marcelo Silva", escreveu Gugu em seu Instagram na ocasião.