Paulo Costa lança romance sobre a dificuldade de superar o silêncio

Estação silêncio é o segundo romance do autor, que também é diretor de TV e DJ
Do JC Online
Publicado em 25/11/2014 às 5:27
Estação silêncio é o segundo romance do autor, que também é diretor de TV e DJ Foto: Foto: Ana Araújo/Divulgação


Por trás da cena de um velho músico sentado em um café, servido por uma garçonete, existem muitas coisas não ditas – ao menos na narrativa Estação silêncio, do escritor, diretor e DJ carioca radicado em Pernambuco Paulo Costa, que ganha lançamento nesta terça (25/11), às 19h, no Bar Central. Segundo romance do autor, o volume é publicado pela editora potiguar Jovens Escribas, que ainda traz outros seis nomes do seu catálogo para o evento.

Paulo começou a escrever o livro há quatro anos. Até encontrar uma editora, foi aperfeiçoando a narrativa sobre o músico e a garçonete. Os dois desejam declarar-se um para o outro, mas não têm coragem de romper o silêncio. O romance, então, mostra o pensamentos deles, com lembranças que se passam no Recife, Portugal e Cabo Verde e até com um momento em que os dois conversam sem conversar, quando se tornam momentaneamente capazes de entender o que o outro pensa.

“O livro começa com os dois decidindo: ‘De hoje não passa, vou falar com ele(a)’. Toda a trama se desenvolve ao redor dessa tensão”, explica o autor. “Queria refletir um pouco sobre essa contradição de vivermos em um mundo plugado, em que as pessoas falam com quem está do outro lado do planeta mas não comunicam com quem está ao lado. É uma reflexão sutil sobre o não dito.”

Estação silêncio radicaliza o panorama atual para ilustrar essa dificuldade de expressar sentimentos. O livro também modifica frequentemente o local e o tempo das cenas, já que se passa quase todo em fluxos de pensamento. “O pano de fundo é o mundo lusófono. Trabalhei em um projeto chamado Lentes Cabo-Verdianas, em Lisboa e Cabo Verde, e a história se passa nesses lugares e na capital pernambucana. Em um momento, o músico toma o café e pensa em falar com a garçonete e logo depois o pensamento voa para uma ladeira de Olinda ou para a beira do Rio Tejo”, aponta.

Para criar esse fluxo, dividido em 15 capítulos, Paulo partiu da literatura beatnik. “O ritmo de alguns momentos é inspirado na prosódia pop. O beats se baseavam no bebop, com aqueles solos intermináveis, para criar obras que passavam por páginas e páginas sem um ponto”, expõe. O jorro de sentimento e pensamentos dos personagens em alguns momentos da obra imitam essa verborragia intencional.

O Recife é o segundo local a receber o lançamento de Estação silêncio, que passou antes pelo Rio de Janeiro. Por aqui, Paulo será acompanhado de seis autores da editora Jovens Escribas, que completou dez anos em 2014: Sérgio Fantini, finalista do Prêmio Portugal Telecom deste ano, Clotilde Tavares, Carlos Fialho, Márcio Nazianzeno, Lucílio Barbosa e Daniel Liberalino.

O grupo vai partir, depois do lançamento no Central, para mais duas cidades do Nordeste. Amanhã, vão para João Pessoa, quando o destaque é a paraibana Clotilde e, na quinta, chegam a Natal, cidade-sede da editora. “É uma caravana, estamos todos numa van, juntos”, conta Paulo.

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